O jogo de homenagem a Hugo Cunha, que tem lugar esta quinta-feira no Estádio Alfredo da Silva, no Barreiro, juntou várias figuras do futebol nacional, que fizeram questão em lembrar o malogrado colega, para além de se associarem à tentativa de o Sindicato de Jogadores oferecer a receita do encontro à família do atleta, que deixou órfã uma filha de cinco anos.
Pedro Mendes, ex-colega de Hugo no V. Guimarães, não calou a revolta para com o sucedido e lançou um grito de alerta. «Estou aqui porque o Hugo era um grande amigo meu. Perdi um irmão», disse, num testemunho emocionado: «O sindicato teve esta iniciativa, e bem, para organizar o jogo, mas a verdade é que o Hugo merece mais do que um jogo de solidariedade».
A sua presença no Barreiro só foi possível devido à flexibilidade dos dirigentes do Tottenham, numa altura em que a pré-temporada já começou. Isto porque se trata de uma questão que afecta pessoalmente: «Perturba muito que uma pessoa morra nestas circunstâncias. Houve uma autópsia que foi feita e a questão está em saber o resultado dela. Esperemos que o resultado seja divulgado. É uma questão que deve ser colocada por todos os jogadores, porque é do interesse saber o que aconteceu».
Rui Jorge, que ainda se encontra sem clube depois de ter deixado o Sporting, diz que a sua intenção «fazer um bocadinho por algo que não se pode evitar e tentar minorar os danos causados», nomeadamente no que diz respeito à situação da filha e da mulher, referindo que apenas conheceu Hugo «como adversário». Já Boa Morte diz que marca presença «de corpo e alma», dado que este caso «assusta sempre e é difícil de explicar».
João Paulo, por seu lado, serviu de porta-voz dos jogadores da União de Leiria que privaram de perto com Hugo na última temporada. «Estamos aqui todos os jogadores do Leiria que no ano passado jogaram com ele e que estão no plantel, para além dos que me ligaram a prestar solidariedade. Era um grande atleta e uma grande pessoa, por isso estamos a procurar dar apoio à família num momento complicado», vincou, lamentando o facto de ser «a terceira vez que acontece no Leiria».
Daqui para a frente tudo vai ser mais complicado. «Vamos ter um início de época difícil, mas vamos ter de dar tudo para conseguir os nossos objectivos e até coisas que o Leiria nunca conseguiu para as dedicar ao Hugo Cunha», referiu João Paulo, pouco depois de ter chegado ao estádio de autocarro, acompanhado pelos colegas de equipa. Perante a dura realidade, resta seguir em frente com as vidas de cada um: «São coisas que acontecem e não temos que as temer.»