Helton, Luisão, Polga. F.C. Porto, Benfica, Sporting. Três grandes, três nomes com sotaque canarinho nos balneários, referências máximas nos respetivos plantéis. Mudam-se os tempos, ajustam-se as vontades. A mística ainda é o que era?

Os adeptos lamentam a perda de referências, acreditam que os valores monetários falam mais alto. A ideia romântica do amor à camisola perdeu-se pelo caminho. Sobram as exceções entre a moderna regra, homens que vêm de fora para criar raízes nos grandes portugueses.

Os três brasileiros já têm lugar na história de F.C. Porto, Benfica e Sporting. Estão entre os 30 mais utilizados de sempre, no campeonato nacional, cada um com o seu emblema.

Aloísio explica o cenário, com propriedade. É o quarto mais utilizado na história do clube azul e branco. Onze anos de dragão ao peito, outros tempos, integrado num plantel repleto de referências.

«É verdade que faltam referências nos clubes, o futebol mudou muito nos últimos 15/20 anos. No Porto, quando cheguei, havia André, Bandeirinha, João Pinto, Rui Barros, Jorge Costa. Tinha-me acontecido o mesmo no Barcelona.»

«A nacionalidade já não importa»

Os tempos mudaram. Poderão Helton, Luisão ou Polga, nascidos e criados do outro lado do Atlântico, ser portadores da real paixão pelo seu clube? E mais que isso, assumirem-se como exemplos para os mais jovens?

«Penso que sim. Nesses casos, são jogadores que têm muitos anos de casa e, quando assim é, a nacionalidade não importa. Não é algo que vem da juventude mas cresceu com eles ao longo dos anos. Quando assim é, a nacionalidade já não importa.»

Três brasileiros. Não é coincidência. «Cria-se uma identificação do atleta com o clube e da família com o país, muito facilitada por causa da língua. Lembro-me do meu caso. Tive possibilidade de sair do F.C. Porto mas não quis pela questão familiar. Cria-se um vínculo. Muitos acabam a carreira em Portugal e ficam mesmo no país.»

Helton, Luisão e Polga são, por isso, ativos importantes. Mas não chega. «Quando há poucos jogadores da casa na equipa, uma boa solução é tê-los na estrutura. Neste caso, antigos jogadores. O Porto faz isso e tem o Semedo e o Paulinho Santos com o Vítor Pereira. É a alternativa», conclui Aloísio, em conversa com o Maisfutebol.

HELTON (33 ANOS, NO F.C. PORTO DESDE 2005)

Contrato válido até 2014

Chegou a Leiria em 2002, ao Porto em 2005. Seis meses depois, titularidade assegurada. Até hoje. Pode conquistar o sexto título de campeão em sete épocas. Postura tranquila, resistindo a algumas críticas de excesso de confiança. Abdicou da braçadeira recentemente, sem oscilações de rendimento. Tem renovação acertada até 2014, embora não oficializada. Deve acabar a carreira num F.C. Porto sem referências. Lucho chegou no mesmo ano mas passou por Marselha. Rolando, Fernando e Hulk assinaram em 2008.

LUISÃO (31 ANOS, NO BENFICA DESDE 2003)

Contrato válido até 2016

Veio do Cruzeiro em 2003. Não sobra ninguém do seu tempo. O Benfica apresenta-se sem portugueses em campo, sobrando algumas promessas no plantel, sobretudo Nélson Oliveira. Apesar de alguns defesos agitados, mantém-se de águia ao peito. Em Setembro de 2011, renovou até 2016 e garantiu estabilidade pessoal. Voz importante no balneário, tem dois títulos de campeão português no currículo. Maxi e Cardozo chegarem em 2007, Aimar em 2008.

ANDERSON POLGA (33 ANOS, NO SPORTING DESDE 2003)

Contrato válido até 2012

Chegou a Alvalade em 2003, tempo do Sá Pinto jogador. São nove épocas a resistir a críticas, mantendo sempre a sua influência na equipa. O Sporting continua a ser uma realidade diferente, não obstante a inversão de conceito nesta época, com forte apostas no mercado internacional. Rui Patrício e Carriço subsistem como homens da casa com utilização regular. Polga ganhou duas Taças e duas Supertaças em Portugal. Termina contrato no Verão.