E a Grécia continua no Euro! Podia vir a Troika, podiam vir os mercados, até podia vir a esquerda radical que a fé de Fernando Santos foi mais valente que tudo isso para deixar os helénicos nos quartos de final do Euro de futebol. Um golo de Karagounis e uma defesa sólida valeram o triunfo sobre a Rússia. Não vimos já este filme?

Os gregos sabiam de uma coisa: um triunfo garantia-lhes o apuramento. Talvez por isso, entraram bem no encontro. Ganharam um canto e por lá ficaram, embora sem a eficácia de um Charisteas na Luz. Mas sobre isso, avancemos. Até porque a Grécia quase se ficou por aí no primeiro tempo.

Recorde o Grécia-Rússia

A Rússia era primeira neste Grupo A, mas depois do 4-1 inicial à Rep. Checa caiu de modo estranho. Parecia que tinha ganho ouro rápido e, depois, deixou-se ficar a viver dos rendimentos, como se eles não acabassem. Mas acabaram, perto do intervalo.

Um erro de Ignashevich deixou a bola nos pés de Karagounis. O capitão, ex-Benfica, partiu para a área, não desacelerou como Balotelli pela Itália e bateu Malafeev com um pontapé forte. O 10 grego redimia-se do penalty desperdiçado na primeira jornada, perante a Polónia.

Ora, o 1-0, como se sabe, é um resultado que agrada a gregos e nunca a troianos, os adversários. Fernando Santos bem que quer mudar a imagem dos helénicos, mas teve de apelar a estratagemas vistos em 2004 para resolver a contenda.

Dzagoev a centímetros dos quartos de final

Após o descanso, a Grécia definiu ainda mais as linhas, correu como nunca por uma posição, e raramente com a bola. Karagounis caiu na área e benzeu-se porque o árbitro assinalou simulação. Viu amarelo e falha os quartos de final. Entretanto, os russos lutavam para entrar na área helénica. Tentavam pela direita, pela esquerda, pelo meio, mas tudo estava tapado.

Com o passar do tempo, deixou de haver trocas de bola rápidas pelos médios russos, que desesperavam e remataram várias vezes de longe, precipitados e sem qualquer efeito. Melhor nesse aspeto até esteve Holebas, que entrou para fechar o flanco esquerdo grego e, num livre, atirou ao poste!

Nos instantes finais, a Rússia teve uma enorme ocasião para golo. Arshavin cruzou da direita e Dzagoev antecipou-se a Papastathopoulos para um cabeceamento que passou a centímetros, poucos, do poste direito de Sifakis.

Chegou o apito final e os gregos soltaram a festa, com Fernando Santos abraçado a Fyssas, lateral que já passou pelo Benfica e que agora é diretor na seleção helénica. O treinador português tinha atirado, na véspera, que a Grécia ia passar aos quartos de final. Última do grupo e perante a favorita Rússia, só mesmo um homem de grande fé podia dizer aquilo sobre a equipa grega. Tinha razão e, agora, fica à espera de adversário nos quartos de final.