O Belenenses falhou rotundamente o desafio que se lhe colocava na noite de hoje (domingo) de chegar à liderança do Campeonato da I Liga. 

Um misto de culpa própria e de mérito alheio - apontando-se até mais para este que para aquela - impediu os azuis de saborear feitos de outrora e fez a noite do Restelo acabar num empate morno, surgido ao ritmo das conveniências do União de Leiria. 

Manuel José, técnico leiriense, montou um esquema igual ao que sempre adopta nos jogos fora de portas, com cinco defesas, dois médios de contenção e três avançados rapidíssimos. O União vinha preparado para aguentar a previsível toada atacante do Belenenses e espreitar o contra-golpe. 

Os primeiros segundos do jogo, contudo, colocaram os visitantes numa posição muito melhor do que a que estes poderiam ter «desenhado» no quadro das suas melhores expectativas. Enquanto o árbitro ainda olhava para o cronómetro que acabara de pôr a andar, Nuno Valente bateu uma bola larga da esquerda e Luís Carlos surgiu entre os centrais da casa a fazer o 0-1. 

Que poderia ter o União de mais confortável? A estratégia cautelosa passou a fazer mais sentido e o Belenenses foi desde logo obrigado a acelerar o passo. 

A minimização dos danos passou a ser o objectivo primordial dos azuis. Após uma fase de alguma (natural) baralhação, os homens de Marinho Peres encontraram-se e passaram, como se esperava, a dominar. 

Pedro Henriques, mais afoito nas subidas pelo flanco, passou para o meio-campo e Cléber tomou conta do lado esquerdo da defesa, onde espreitava o perigo Luís Carlos. 

O Belenenses, convicto de que o resultado pouco mais era que obra do acaso, atacou pacientemente e acabou por chegar ao empate, num lance inspirado de Verona que deixou Costinha surpreso e incapaz de deter o remate por ele desferido. 

Com as coisas no devido lugar, tudo ficou em aberto para a segunda parte. A velha lógica do favoritismo de quem recebe fazia pensar que o Belenenses poderia resolver o assunto a seu contento, mas a rapidez de processos do União de Leiria quando se tratava de contra-atacar, aliada a alguma desconcentração da defensiva azul, abria o espaço da dúvida. O segunto tempo prometia, portanto. 

O que afinal se passou depois do intervalo, tão distante do esperado, só tem explicação na organização do União de Leiria. O Belenenses, que tão precisado estava de chegar à área de Costinha, foi pura e simplesmente incapaz de o fazer. Os índices de posse de bola eram bons, mas os caminhos para o perigo estavam tapados. 

A desinspiração dos atacantes azuis, que também se notou, soava como música para os ouvidos de Leiria. Ao aperceber-se das fraquezas do adversário, o União passou a gerir o jogo e a torná-lo tão vagaroso quanto possível. Se surgisse uma oportunidade óptimo, se não (como sucedeu), muito bem na mesma. 

A meio da segunda metade Manuel José provou estar contente com o ponto que estava ali mesmo à mão e reforçou o meio-campo com a entrada de Luís Vouzela. 

João Paulo Brito rendera Pedro Henriques no lado dos da casa, mas a diferença que se notou foi pouca ou nenhuma. 

À entrada dos 10 minutos finais o Belenenses pareceu disposto a dar um safanão no estado de coisas. Tudo não passou, no entanto, de uma ameaça. 

Contas feitas, ficam para a história 45 minutos durante os quais cada uma das equipas apenas por uma vez esteve perto do golo. Pouco, muito pouco, para um Belenenses que tanta vontade tinha de chegar ao topo e suficiente para um União que guarda pontos ganhos fora como verdadeiras preciosidades. O espectáculo fica para depois, OK?