A agonia do último lugar já é mais do que um simples sufoco. Seis pontos em 14 jogos é exageradamente mau para uma equipa que tenta a manutenção e que vem de uma época fenomenal, na qual foi alcançada a melhor classificação de sempre (5º lugar).  

Na semana de preparação para o jogo com o Benfica, no segundo jogo de um ciclo verdadeiramente alucinante, o Gil Vicente alimenta a esperança de poder pontuar para encontrar níveis de confiança votados ao esquecimento. Essa vontade é partilhada por todos e especialmente por Tavares, um avançado que regressou ao clube recentemente, depois de uma experiência em Penafiel.  

A opinião é avalizada, porque o jogador participou no melhor e no pior do clube nos últimos dois campeonatos. Tavares não tem qualquer dúvida sobre os motivos que levam a equipa a apresentar um estado de espírito totalmente diferente do passado recente: «Em relação à equipa do ano passado é muito diferente, por exemplo não há jogadores rápidos como o Carlitos ou o Fangueiro para cruzar para a área. Era um conjunto com mais garra».  

Apesar da efectividade da análise, o avançado não se esquece das eventuais virtudes dos seus actuais companheiros. Assegura que «não está em causa o mérito dos meus colegas», mas é uma evidência que o plantel actual é constituído basicamente por «jogadores da II Divisão B, com pouca experiência, e que necessitam de uma adaptação rápida à I Liga». «É tudo muito diferente do ano passado», advoga. 

Por esta razão de factos, o guineense não tem dúvidas. «A equipa está mal, em último lugar, e normalmente nestas situações a moral está muito em baixo». Para inverter o processo de vertigem, assegura que só será necessária «uma vitória» e permite-se sonhar um pouco: «Se vencessemos na Luz era muito, muito bom. Até porque eles estão a atravessar um momento complicado e isso pode ajudar-nos. Se Deus quiser, até com um golinho meu...»  

Já com os pés bem assentes na terra, Tavares apresenta as reais expectativas da equipa para os próximos jogos. «Penso que com vontade e garra podemos garantir a manutenção. Falta uma vitória, mas um empatezinho na Luz e um triunfo com o Belenenses devem servir para levantar o moral», assegura, lembrando que depois destes dois jogos terão de deslocar-se a Paços de Ferreira e Campo Maior. 

Renascer em Barcelos 

Proveniente de uma geração de ouro no Boavista (Nuno Gomes e Jorge Silva são dois exemplos), Tavares foi sempre apresentado como uma promessa. Mas as coisas não correram tão bem como se esperava e acabou por cumprir uma época como profissional na equipa axadrezada (95/96). Nas últimas temporadas tem sido sucessivamente emprestado (Penafiel, U. Lamas e Gil Vicente) e o último ano foi particularmente penoso, com uma lesão que o afastou da competição durante vários meses. 

Agora, assegura estar mais confiante. «Tenho-me sentido bem, já não sinto as dores da lesão do ano passado e agora tenho vontade de trabalhar, porque acho que posso fazer uma época melhor do que na época anterior», refere. Tavares só pede para que a bola «chegue mais vezes à frente» e dá um exemplo em como isso não está a acontecer: «No jogo com o Boavista, recebi apenas três cruzamentos, o que para um avançado é muito pouco».