Ovchinnikov saiu da equipa depois de, segundo algumas críticas, ter produzido exibições abaixo daquilo a que tinha habituado os adeptos do F.C. Porto. Octávio não tolerou o acumular de erros do Russo, especialmente nos cruzamentos para perto da sua baliza, e lançou Paulo Santos, que chegara meses antes de Alverca com a consciência de que teria de trabalhar muitíssimo para ser titular. Há cerca de um mês que a baliza portista tem novo dono. Desde então, Ovchinnikov raramente foi convocado e lesionou-se num joelho, estando agora a desenvolver tratamento a uma tendinite que o impede de treinar normalmente.  

«Estou a recuperar da lesão», lembrou aos jornalistas que o aguardavam no final do treino. A ausência da equipa parecia-lhe facilmente explicável. O seu nome consta do boletim clínico, por isso não joga porque não pode. A questão, todavia, não é assim tão linear. O russo está fora da equipa por opção técnica, por isso cabe-lhe agora convencer Octávio a devolver-lhe um lugar que já foi seu. «Claro que quero jogar, mas o treinador é que decide quem entra na equipa», recorda Ovchinnikov, num encolher de ombros prolongado. «Não estou triste, pois isto é normal», diz, tentando desviar a polémica com uma palmada. «Tenho uma carreira muito longa e já fui muitas vezes suplente e titular». É normal, como faz questão de repetir. Uma mão cheia de vezes. 

A titularidade, evidentemente, é o objectivo que persegue. Essa é uma ambição que não esconde e que lhe anima a recuperação e o trabalho diário. «Todos querem jogar», insiste. «Quero voltar a ser o número um, mas o treinador é que sabe. O melhor é mesmo perguntar-lhe». 

O regresso de Vítor Baía aos disponíveis pode também complicar a vida de Ovchinnikov. O português é mais querido pelos adeptos e tem sido uma espécie de desejo escondido para quem o vê diariamente a entrar e a sair das Antas com a esperança de chegar rapidamente à melhor condição. «Para mim é igual aos outros», contraria o russo, não detectando em Baía mais que um concorrente. «Para mim é igual ao Paulo Santos, ao Pedro Espinha, ao Enke e ao Bossio, por exemplo. Os portugueses gostam mais dele, mas para mim é como os outros». 

A saída da equipa, a lesão e a provável recuperação de Vítor Baía para a titularidade poderá deixar Ovchinnikov próximo da saída das Antas. Já se disse e escreveu muita coisa nesse sentido, mas o guarda-redes garante nunca ter sido abordado. «Celta de Vigo? Li isso no jornal. Comigo ninguém falou», assegura, adoptando um tom de brincadeira para terminar um capítulo que, aparentemente, lhe é desconfortável. «Em Espanha só jogaria no Real Madrid!», gracejou. Não será pedir de mais? «Pronto, no Real ou no Barcelona».