Um desejo assumido sem receios, mesmo que a sua realização dependa de azares alheios e não esteja exclusivamente dependente daquilo que uma equipa beliscada num orgulho habitualmente campeão possa conseguir. Cândido Costa fala do título de forma desabrida, dispensando rodeios e cuidados que seriam despropositados. «Neste momento só acredito na nossa vitória no campeonato», garante. «É nisso que penso de manhã, à tarde e à noite». O desígnio, porém, esbarra numa parede de pragmatismo que a classificação da I Liga coloca no seu percurso. «Pois», concorda o jogador, «temos de esperar que eles escorreguem». 

Falava, obviamente do Boavista, candidato com um prazo de validade muito superior ao que inicialmente lhe atribuiram. Cândido, rendido às evidências, modera o discurso. «Gostava muito de ser campeão», reforça, «vamos ver o que acontece». Nas últimas jornadas, o F.C. Porto tem jogado depois dos axadrezados, ou seja, com a noção de que a derrapagem da equipa de Jaime Pacheco ficou novamente adiada. «Isso tem causado alguma pressão, porque sabemos que eles ganharam, mas continuamos a querer inverter essa tendência». 

Esta semana, à 31ª jornada de uma I Liga que pode entrar para a história, vai verificar-se novamente esta realidade. O Boavista joga no sábado, com o Gil Vicente, o F.C. Porto mostra-se no domingo à noite, em Aveiro. «É mais um jogo complicado», perspectiva o jogador, traçando desde já a forma de encarar a partida que lhe parece mais adequada. «Temos de entrar com a seriedade habitual, pois só assim será possível conseguir um resultado positivo». E mesmo que os portistas consigam vencer todos os jogos, necessitam obrigatoriamente que o Boavista empate uma vez, deixando depois tudo para decidir na última ronda, nas Antas, num derby portuense que começa a mexer com a cidade. «Quero mesmo é ser campeão», brinca, confessando, ainda assim, que a perspectiva é agradável. «Era bonito resolver tudo aqui no nosso estádio».