Todos gostariam de ocupar o primeiro lugar, ainda para mais possuindo uma diferença de sete pontos para o segundo classificado e doze para o terceiro. É esse o estado actual do F.C. Porto em relação a Sporting e Benfica, pelo que resta aos líderes lutar pela sua vitória. O que acontece com os outros é relevante, mas não fundamental.

«A nossa posição é privilegiada, porque nos permite só pensar em nós. Nós jogamos, desde que ganhemos o fim-de-semana está perfeito para nós e não temos de estar preocupados com os resultados dos adversários, ao contrário do que acontece com eles, que têm de estar sempre à espera que o Porto não consiga ganhar», salientou José Mourinho quando comentava precisamente os resultados da sua equipa comparando com os dos rivais.

A motivação existe, mas, para o treinador, o discurso de sportinguistas e benfiquistas é basicamente idêntico, pois assenta numa base de esperança que o líder perca. «Se se ler os jornais, todas as semanas, de forma cíclica, aparecem jogadores de equipas candidatas aos mesmos objectivos e a cassete é sempre a mesma: eles ainda vão perder pontos, estamos à espera, ainda não acabou, eles vão perder pontos, nós vamos ganhar, eles vão perder pontos¿ A cassete é sempre a mesma. Isso é muito explícito do sentimento. Eles têm que ganhar e têm que estar à espera, com esperança que nós percamos pontos. A nossa situação é diferente. Nós ganhámos ao Guimarães, o nosso fim-de-semana ficou perfeito, realizado, e, depois, os nossos adversários directos perderam [ndr:Benfica com o Nacional] e empataram [ndr: Sporting com o Gil Vicente], o que é uma coisa agradável. Mas não é algo que nos desgaste, que nos preocupe, que nos vá causando alguma erosão emocional, nada disso. O mais importante é ganharmos, manter a nossa distância», vincou.

Para José Mourinho a atitude a ter só pode ser uma: «Eu digo sempre que desde que a nossa distância seja superior a três pontos, respectivo a um jogo, é tranquilizadora. Este ano tem andado sempre entre os cinco e os sete e enquanto andar por aí a nossa tranquilidade é absoluta». Nesta perspectiva, a equipa nem tem de pensar nos outros, apenas em si própria, ao mesmo tempo que gere as várias competições em que está inserida.

«Se ganharmos à Académica e Belenenses ficamos a oito jornadas do final e a um mínimo de sete e doze pontos de vantagem e ficaremos às portinhas do título. Quando acabar o jogo com o Belenenses, temos mais três dias para preparar o jogo com o Manchester e aí podemos falar sobre tudo o que pode estar em jogo», concluiu.