As obras do centro de estágio do F.C. Porto, nas freguesias de Olival e Crestuma, em Vila Nova de Gaia, não pararam. Na verdade, alargaram-se, no decorrer do dia de hoje, à parcela de que Manuel Lino Silva é proprietário e sobre a qual persiste um litígio, com vários processos em tribunal, entre o dono de quatro por cento da área total da empreitada e a Câmara. 

Por detrás da questão, com desenvolvimentos judiciais, está o fracasso negocial para a transferência dos terrenos entre Manuel Lino Silva e a autarquia. A Câmara oferece cinco mil escudos por metro quadrado, porção pela qual o proprietário exige entre 15 a 20 contos, reivindicando lucros idênticos a outros ex-detentores de áreas no espaço em que cresce o centro de estágio. 

Dos vários processos que correm em tribunal, os que já conheceram sentença atribuíram sempre razão à Câmara, ainda que o proprietário tenha interposto, invariavelmente, recurso. Face ao prolongamento do litígio, a autarquia accionou, entretanto, uma figura legal, encetando um processo de expropriação. 

Manuel Lino Silva recusaria, contudo, todos os métodos de notificação. A carta, com aviso de recepção, seria devolvida pelo proprietário, conhecendo o mesmo destino da posterior notificação judicial. Um oficial de diligências buscaria Manuel Lino Silva no local de trabalho, mas com o mesmo êxito. O proprietário não assinou o documento e, no decurso do processo de expropriação, a Câmara tomou posse administrativa do terreno no dia 20 (terça-feira) deste mês. 

Manuel Lino Silva não cruzaria os braços. Hoje, diante das escavadoras, o proprietário da pequena parcela fez um embargo judicial, opondo-se à realização das obras, que, contudo, não conheceram interrupção. A Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e a Fundação Porto-Gaia crêem agir na estrita legalidade e, desconhecendo se o embargo judicial preencheu os requisitos que impõem a presença do proprietário na companhia de duas testemunhas, alargaram as obras à parcela expropriada.