O sonho de Sami numa tarde de verão. Ou, dito de outra forma, quando a realidade suplanta o desejo. E a expetativa. Os olhos curiosos incidiam noutras direções e foram atraídos pelos dois golos e um par de pormenores deliciosos do ex-Marítimo.

A análise individual arranca a crónica por ter sido o sinal mais intenso em Genk. Mais intenso e claro. O resto, o enquadramento coletivo, é prometedor, sim senhor, embora afetado por erros próprios de quem quer e ainda não pode.

O resultado final, de 3-1, explica-se pelo bom arranque – consolidado logo no golo de Quaresma – e pela excelente última meia-hora. Neste período final, Sami foi o homem em destaque, seguido de muito perto por Héctor Herrera (o mexicano parece outro) e por um adolescente de 17 anos chamado Rúben Neves.

Nota positiva, pois, para o teste mais sério e exigente do FC Porto nesta pré-temporada.

ANÁLISE AOS REFORÇOS: Sami, surpresa-mor da pré-época (e ainda Rúben Neves)


Julen Lopetegui pretende um plano de jogo atraente: com bola, o passe curto é privilegiado e a movimentação de todas as peças tem de ser constante; sem bola, o técnico espanhol exige uma pressão alta sobre a primeira fase de construção adversária, um asfixiar imediato das ideias contrárias.

Diante do Genk, os dragões tiveram bons momentos, mas foram atraiçoados pela exposição ao risco. A defender, como tantas vezes na época passada, os laterais permitiram espaço nas costas e os centrais (Maicon está fora desta crítica) cometeram lapsos inadmissíveis.

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O único golo do Genk nasce, de resto, de um passe inconsciente de Diego Reyes. O mexicano quis lateralizar em zona proibida, Jelle Vossen intercetou o passe e bateu Fabiano; Reyes tem poucos treinos, está muito preso, tudo ok, mas o erro foi cometido logo no início e num instante de fácil resolução.

Mais à frente, já com Igor Lichnovksy em campo, Fabiano Freitas entregou uma bola rasteira e o chileno, sem se aperceber do perigo, chutou contra um belga, isolando-o.

O manual de Lopetegui eleva o futebol à flor da relva à condição de Santo Graal, mas os jogadores não podem morrer na obsessão de querer atingi-lo.

Notas finais (e longe de serem definitivas):
. Fabiano seguro, exceção feita ao tal lance com Lichnovsky;
. Danilo e Alex Sandro longe do que podem e devem fazer futuramente;
. Maicon muito acima de Reyes e Lichnovsky;
. Josué a passo, mas muito bem no passe à distância;
. Carlos Eduardo melhor do que no final da época passada;
. Quaresma a perceber o peso da braçadeira e a revelar altruísmo em momentos-chave;
. Óliver, Tello e Adrián: qualidade óbvia, a enqudrar devidamente a curto-prazo;
. Herrera a voltar fortíssimo e a mostrar que o Mundial não foi um acaso;
. Kelvin e Ricardo com apontamentos encantadores, principalmente o primeiro;
. Evandro muito seguro e maduro;
. Sami e Rúben Neves, os melhores homens da tarde em Genk.