O ambiente de festa confirmava-se, com fogo de artifício, claque feminina especial e muitos artistas populares. Esperava-se muito mais gentes, é certo, porque o argumento Benfica costuma pesar muito em qualquer ponto do país e especialmente no Minho. Com as estrelas na Luz, os adeptos encarnados também aproveitaram para ficar em casa. Pode-se dizer que fizeram bem. 

O jogo, pura e simplesmente, não teve momentos de interesse. A única curiosidade que suscitava era observar Ricardo Esteves, João Manuel Pinto, Pesaresi, Andrade e Carlitos, os cinco jogadores da equipa principal que foram escolhidos por Toni para viajarem até Famalicão. Também estes não trouxeram animação à festa, por manifesta falta de ritmo. 

Ricardo Esteves teve pouco trabalho e quando entrou em jogo não conseguiu ser feliz. Pela frente teve um Renato pouco suficiente, mas que estava no sítio certo quando o lateral-direito do Benfica falhou o corte de um cruzamento, dando a oportunidade para o esquerdino assistir André Cunha para o 1-0.  

A escassez de lances de perigo por parte do Famalicão deu um dia de folga a João Manuel Pinto, sempre muito calmo, rápido e eficaz, nomeadamente nos lances de cabeça. Pesaresi, por seu lado, confirmou a imagem de defesa nervoso e com pouca precisão de passe. Esteve melhor a atacar e sobressaiu num remate perigoso, nos últimos minutos da primeira parte. 

A «cor» de Jorge Ribeiro 

À medida que a sonolência ia alastrando por entre os cerca de três mil adeptos e Toni soltava gritos de descontentamento para com os seus jogadores, o encontro ganhava algum alento durante a segunda parte e já sem Andrade, que se queixou de dores no tornozelo direito. Sozinho na missão defensiva a meio-campo, uma vez que Bruno Aguiar e Rui Baião só tinham de criar, o «trinco» não facilitou o trabalho ao adversário, com um estilo muito próprio de futebol agressivo, mas dentro dos limites. Não teve nenhum Deco para marcar, por isso não brilhou... 

Na frente, Carlitos esteve muito apagado e ainda mais se ofuscou quando Jorge Ribeiro entrou na segunda parte e trouxe luz ao jogo. A partir da altura que substituiu Zé Roberto, o Benfica passou a circular a bola particularmente pelo lado esquerdo, onde o irmão de Maniche conseguia encontrar espaços e rematar com perigo. Foi ele o principal responsável pela reviravolta no marcador. Depois do Famalicão ter marcado aos 43m, por André Cunha, o Benfica entrou melhor no segundo tempo e empatou logo aos 49m, pelo central Hugo Henriques, num canto. 

Rui Baião destacava-se no meio-campo, criando vários lances de perigo, nomeadamente através de lançamentos longos a chamar os alas, embora muitas vezes não conseguisse encontrar igual eficácia nos extremos Carlitos e Zé Roberto. Com Jorge Ribeiro, já se sabe, foi tudo diferente. Aos 66m, o esquerdino ameaçou com um remate de fora da área, para uma boa defesa de Humberto, mas aos 79m fez o 2-1, entregando o triunfo aos encarnados. 

Era de prever. Com a necessidade de Porfírio Amorim, treinador do Famalicão, em premiar os seus jogadores, porque jogar com o Benfica não é todos os dias, as coisas foram perdendo o calor da competição. Como Toni não gostava do que estava a ver, também decidiu dar uma oportunidade a alguns atletas da equipa B, inclusivamente ao seu filho, que ainda teve tempo para jogar cinco minutos. 
 

FICHA DE JOGO: 

Estádio 22 de Junho, em Famalicão

Árbitro: Augusto Duarte (Braga)

Auxiliares: Augusto Fernandes e Pinto Rocha 

FAMALICÃO ¿ Humberto; Pedro Costa, Webber, Washington e Pinheiro; Camberra, Tiago Marques e Mirra; André Cunha, Vítor Hugo e Renato.

Jogaram ainda: Hugo Cruz, Veloso, Cunha, Lourenço, Ricardo, Bruno, Álvaro e João Pedro.

Treinador: Porfírio Amorim 

BENFICA ¿ José Moreira; Ricardo Esteves, Geraldo, João Manuel Pinto e Pesaresi; Andrade, Bruno Aguiar e Rui Baião; Carlitos, Mawete e Zé Roberto.

Jogaram ainda: Hugo Henriques, Jorge Ribeiro, Toni, Ricardo Pires e Hélder Costa.

Treinador: Toni 

Ao intervalo: 1-0

Marcadores: 1-0, André Cunha, 43m; 1-1, Hugo Henriques, 49m; 1-2, Jorge Ribeiro, 79m.

Resultado final: 1-2