Gilberto Madail foi a Espanha lançar um apelo desesperado a José Mourinho. O ainda presidente da Federação Portuguesa de Futebol (singelo contra dobrado em como será recandidato) acha que o treinador do Real Madrid é o Messias que pode salvar a selecção e pretende propor-lhe um minicontrato de dois jogos.

Não percamos muito tempo com as razões que, tudo indica, levarão Mourinho a declinar o convite - ele tem sido, ao longo dos anos, suficientemente claro em relação às suas ambições para a selecção nacional.

Além disso tem um patrão que pagou muitos milhões para o ter concentrado na Liga espanhola e na Champions. Nos países desenvolvidos essas coisas levam-se a sério, não se acredita propriamente em comissões de serviço com prazos de 15 dias ou requisições civis para juntas de salvação nacional. Trabalha-se com um rumo, ou pelo menos tenta-se.

Além de se expor ao vexame de levar uma nega de Mourinho e não ter vergonha de revelar um completo desnorte sobre o que pensa para o futuro das selecções (tantas certezas quando contratou Queiroz...), Madail consegue mais: passa um atestado de incompetência a todos os treinadores portugueses e a uma boa mão cheia de estrangeiros que aceitariam treinar a selecção nacional.

E ainda mais: demonstra clara falta de crença e confiança no grupo que compõe a selecção, achando que só o melhor treinador do mundo pode operar o milagre da qualificação para o Europeu.

E mais, ainda: supondo que Mourinho diz sim, quem quererá depois pegar no barco que El Especial, acha Madail, deixará seguramente em águas mais calmas? Alguém que contactado agora só aceite entrar num contexto mais fácil? Não queremos, obrigado. De gente com medo na selecção já tivemos a nossa dose.

Fugir para a frente é a atitude mais comum no dirigismo português. Estamos habituados. Correr em círculos de olhos fechados e esbarrar contra paredes pareceria apenas ridículo, se não fosse tão grave.

Editor Desporto TVI