O tradicionalmente fechado futebol búlgaro começa a ter ecos em Portugal por causa de um jovem avançado que desatou a marcar golos. Mais do que isso, desatou a marcar golos num clube pequeno que esta época ameaça a hegemonia das formações da capital. Chama-se Furtado, tem 22 anos e é o melhor marcador do campeonato. Fez para já sete golos em sete jogos, golos esses que empurraram o modesto Vihren para o segundo lugar com um ponto a menos do que o CSKA Sofia, mas também menos um jogo.
O Maisfutebol foi tentar perceber como está a correr esta experiência para lá dos golos e descobriu um português feliz num país onde a segunda língua é o... grego. «No início tive um bocadinho de receio, não sabia o que vinha encontrar aqui, mas depois de estar cá percebi que as coisas iam correr bem», conta. «A adaptação foi muito fácil, os búlgaros receberam-me muito bem desde o início, e isso foi um passo muito importante na minha estabilidade. Só peço a Deus que as coisas me continuem a correr assim».
Desde o início que Furtado jura só ter encontrado razões para ficar agradecido aos búlgaros. O acompanhamento tem sido fantástico, diz. «A língua búlgara é muito complicada e mesmo aqui em Sandanski, que é uma cidade essencialmente turística, há muito pouca gente a falar inglês. A segunda língua deles é o grego, porque a Grécia fica a quinze quilómetros». Factos que poderiam fazer da permanência na Bulgária um inferno. «Poderiam, mas eles têm sido impecáveis e não tem havido nenhum problema. São muito simpáticos e quando estão a falar comigo não descansam enquanto eu não entendo o que me estão a dizer. Fazem gestos, fazem mímica, misturam palavras búlgaras com palavras inglesas, mas não me deixam sem perceber o que estão a dizer».
Pelo caminho o jovem avançado tem contado com uma ajuda preciosa. «O treinador, que é também jogador, fala inglês e tem sido uma grande ajuda», diz. «Desde o primeiro dia que ele anda sempre connosco, comigo, com o Serginho e com o Almeida que também jogam no clube, e não nos deixa faltar nada. Dá-nos liberdade para estar à vontade e diz-nos para falarmos com ele que sempre que tivermos um problema que ele próprio trata de o resolver». A justificação para este calor humano, frisa, está no bilhete de identidade. «Em qualquer país onde vá um português jogar futebol eles recebem com o maior carinho. Estamos a demonstrar por onde passamos ter valor, o futebol português está a dar muitos nas vistas, e toda a gente gosta de ter portugueses nas suas equipas».