Carlos Costa, capitão do Farense, não escondeu a sua revolta pelo anúncio da suspensão do futebol sénior do clube algarvio que estava a representar pela décima temporada consecutiva. Depois de ter completado 39 anos há pouco mais de uma semana, o médio diz que sente uma «grande tristeza», como se lhe tivessem tirado uma parte da sua vida, até porque era o único jogador da equipa sénior que tinha contrato com a SAD do Farense.
O veterano jogador lamenta, acima de tudo, a forma como as sucessivas direcções, a autarquia e os próprios sócios tentaram esconder os problemas que levaram agora à suspensão da equipa que representou ao longo da última década. «Foi como se em tirassem algo que fazia parte de mim. Não temos conhecimento dos dados todos. Isto dá a impressão de ter sido um jogo de espionagem e as pessoas não sabiam o que se passava. Há muita coisa escondida. Se perguntarmos aos sócios, eles próprios não conseguem defender uma posição, porque nunca souberam o que estava em cima da mesa. Esse tem sido um problema do Farense a longo destes anos todos», revelou.
O capitão da equipa de Faro defende que os problemas foram crescendo porque a direcção teve sempre elementos com interesses que colocavam à frente do próprio clube. «As pessoas não conseguem discutir o clube de uma forma aberta, sem preconceitos e defendendo a camisola do Farense. Enquanto não deixarem de lado determinadas camisolas e vestirem só a do Farense, o clube não vai a lado nenhum. Desde que estou aqui, poucas vezes conseguiram-se arranjar pessoas a vestir só essa camisola. As opiniões vão mudando consoante os poleiros que ocupam», explicou.
Carlos Costa defende que o clube deveria ter tido mais dignidade e avançado para a suspensão do futebol há mais tempo. «Tudo tem a ver com questões políticas. É triste porque até na morte devemos ter dignidade. Se calhar era preferível no início da época terem acabado ou até mesmo nos últimos quatro anos. Tinham esse tempo para pensar na situação do Farense. O que está em causa não é o dinheiro, mas sim a falta de diálogo e frontalidade que existiu entre as pessoas. Até hoje ainda ninguém sabe qual a estratégia para recuperar o clube. Não sei o que sinto, se é tristeza, se me sinto enganado, tenho uma grande confusão de sentimentos», acrescentou.
O médio era o único com contrato junto da SAD, mas agora não sabe como é que vai ser o seu futuro. «Tenho contrato com o clube e, pelo que ouvi dizer, a SAD não ia acabar. Em termos judiciais ainda não tive tempo para pensar em nada», comentou.