Os adeptos chamam-lhe «Mitrogolo»; com propriedade, e talvez porque seja mais difícil soletrar «σκόρερ», o que a fazer fé nos diversos tradutores online será «goleador» em grego.

A verdade é que Kostas Mitroglou merece a distinção como figura da jornada pelo bis decisivo frente ao Arouca, que logo no jogo de abertura da ronda garantiu a liderança ao Benfica.

Ainda o jogo da Luz não havia chegado ao intervalo e já o grego bisava pela quarta vez nesta temporada – a segunda na Liga.

Ao ser o autor do único bis da jornada, Mitroglou não só garantiu uma vitória importante na corrida pelo título (um resultado de 3-0 selado com um golo de Carrillo), mas também melhorou o seu registo pessoal: chegou aos dez golos na Liga, isolando-se em relação a Pizzi (8) como melhor marcador do Benfica, que tem o melhor ataque da prova (47 golos) e em termos absolutos está apenas atrás do portista André Silva (12) e do sportinguista Bas Dost (17).

O registo histórico também conta e Mitroglou entrou para o top-10 de melhores goleadores estrangeiros da história do Benfica, deixando para trás Filipovic e Gaitán.

Com 43 golos em 74 jogos fecha agora na décima posição um destacado ranking de ilustres, estando a apenas a um golo de ultrapassar os companheiros de equipa Luisão e Salvio (ambos com 45) – Jonas está mais longe, com 74.

Nesta segunda época, Mitroglou já leva 18 golos em 29 jogos pelo Benfica, ou seja 0,62 golos por jogo (quase dois golos a cada três jogos), mais do que os 0,6 de Jonas na presente. E uma média superior à da temporada anterior, a sua época de estreia: 0,55 golos por jogo, o equivalente a 25 golos em 45 jogos.

Além dos números, Mitroglou revela-se um companheiro quase perfeito para Jonas. A dupla de ataque do Benfica é uma das preocupações de Thomas Tuchel:

«Mitroglou tem um jogo aéreo muito forte, o Jonas destaca-se pela sua elegância e leitura de jogo (…) É uma dupla de peso, e temos de defender ao mais alto nível para os controlarmos», afirmou o técnico do Borussia Dortmund na conferência antevisão do jogo da Liga dos Campeões.

Dortmund como regresso às origens

Esta eliminatória frente ao Borussia Dortmund é uma espécie de regresso às origens para Mitroglou, que nasceu em Kavala, no norte da Grécia, mas emigrou ainda em criança com os pais para a Alemanha.

«Mitro» cresceu na Renânia do Norte-Vestefália, em Neukirchen-Vluyn, numa pequena cidade a 70 quilómetros de Dortmund.

Começou a jogar mais a sério aos 13 anos pelo Duisburgo, até mudar-se aos 17 para outro Borussia, o de Mönchengladbach. Num reencontro feliz chegou a fazer cinco golos na goleada pela sua nova equipa na visita a Duisburgo (3-5), mas os dotes de goleador nos sub-19 não o levaram além da equipa de reservas do Mönchengladbach.

Regressou à Grécia em 2007, dois anos depois da primeira internacionalização pelos escalões jovens, para representar o Olympiacos e ficou até 2015, com empréstimos ocasionais ao Panionios (2010/11) e ao Atromitos (2011/12) e a aquisição pelo Fulham em 2014 – que não lhe concedeu mais do que 151 minutos em três jogos na Premier League.

Afirmou-se, porém, como goleador na equipa do Pireu e na seleção grega (12 golos em 52 internacionalizações A, desde 2009). Até na época passada aparecer o Benfica. Kostas chegou à Luz, viu e virou «Mitrogolo».