Suk Hyun-Jun está «feliz» no Bonfim. Isso nota-se pela forma como anda a jogar e a marcar golos com a camisola do Vitória, como aqueles dois que marcou ainda agora no Estádio do Restelo e que o levaram a ser eleito pelo Maisfutebol como a figura da 12ª jornada da Liga. Quem nos falou neste grau de felicidade foi Frederico Venâncio, um dos capitães dos sadinos, que nos explicou como é que o «chinês», que mal fala português, vai dando conta do seu estado de espírito.
 
A verdade é que Suk já conta com sete golos marcados em doze jogos, dois deles marcados na última ronda, no Estádio do Restelo, na vitória do sobre o Belenenses (3-0), num jogo em que ainda fez uma assistência para o jovem André Horta estrear-se a marcar. Foi dos melhores jogos que o sul-coreano realizou em Portugal. No primeiro golo, Suk elevou-se nas alturas para desviar, de cabeça, um cruzamento tenso de André Claro. Quatro minutos depois, levou André Horta às lágrimas, com uma assistência para o segundo golo. Já na segunda parte, o sul-coreano voltou a marcar e a elevar as mãos aos céus, após assistência de Nuno Pinto. «Ele anda feliz e isso nota-se pela forma como tem jogado e pela forma como tem ajudado a equipa», destacou Frederico Venâncio numa curta conversa com o Maisfutebol.


 
É uma das imagens de marca do avançado de 24 anos quando festeja um golo. Deixa-se cair de joelhos no relvado e levanta as mãos ao céu. «Normalmente é assim que festeja como fez agora no Restelo, ajoelha-se e estica os braços para o céu. É muito religioso», explica ainda o nosso interlocutor.
 
Esta época já conta com sete golos marcados [8 se contarmos com a Taça da Liga] e já soma quatro assistências. Em apenas doze jornadas, esta já é a melhor época do sul-coreano que também já representou o Marítimo e o Nacional na Madeira. Na temporada passada, começou na Choupana e acabou no Bonfim, somando seis golos num total de trinta jogos. Na sua primeira temporada em Portugal, ao serviço do Marítimo, marcou apenas quatro golos em catorze jogos.


 
Procurámos, em primeira instância, falar com próprio Suk, mas fomos logo avisados que o vocabulário do sul-coreano não ia muito além do «bom dia» e «obrigado». Frederico Venâncio diz que não é bem assim. «Ele falar vai falando, já vai arranhando algumas coisas em português, mas são mais palavras soltas do que outra coisa, quando precisa de falar mais tempo, falamos em inglês e acabamos por nos entender», destacou o jovem central.
 
As trocas de palavras são mais na «brincadeira», até porque dentro de campo, a linguagem do futebol é «universal». «Dentro de campo é mais fácil, já está enraizado, é aquela linguagem do futebol que é igual em todo o lado. E como já sabemos o que temos de fazer em campo, a comunicação é mais fácil», conta Frederico Venâncio, garantindo ainda que Suk já sabe o «essencial» no que diz respeito ao vernáculo utilizado nos relvados portugueses. «É o normal, como acontece em qualquer plantel com os estrangeiros. Uma das primeiras preocupações é essa mesmo, começa logo com a brincadeiras e com aquele vocabulário que não podemos dizer aqui, mas que depois utilizamos muito em campo», acrescentou. «Essas palavras já sabe todas», garantiu.
 
Em suma, Suk fala muito pouco ou quase nada em português, mas de vez em quando surpreende os colegas, por vezes com palavras menos próprias, mas por outras com algumas mais inesperadas. «Por exemplo, se alguém está um pouco nervoso antes de entrar em campo ou mesmo já com o jogo a decorrer, ele vira-se e é capaz de dizer: tem calma».


 
Só há uma coisa que tira Suk do sério. É quando os companheiros o tratam por «chinês», termo que os portugueses, em geral, atribuem a qualquer oriental de olhos em bico. O problema é que a Coreia do Sul tem um longo historial de conflitos com a China e Suk não gosta de confusões. «Ui, isso é que ele não gosta mesmo, fica danado, mas de vez em quando alguém o trata por chinês».
De resto, Suk gosta de brincar, especialmente com o roupeiro da equipa: «Solta-se mais na brincadeira. Especialmente com o roupeiro, passa a vida a meter-se com ele e com o aspeto físico dele».
 
Frederico, como capitão de equipa, é dos que mais comunica com Suk e ambos têm um desejo que acreditam que, um dia, pode tornar-se realidade. «Também brincamos muito em relação à seleção. Ele andava ansioso por saber se ia ser chamado, como acabou por ser agora, eu também já fui [sub-20 e sub-21], e brincamos muito com isso, com a possibilidade de nos cruzarmos um dia num Campeonato do Mundo. Resta saber se isso vai concretizar-se», contou ainda Frederico Venâncio ao Maisfutebol.

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