Foi um triunfo claro e, de algum modo, redentor para um FC Porto que começava a segunda volta com vários «cisnes negros» de preocupação.

Era a derrota na Luz. Era o terminar da primeira volta no terceiro lugar (nada habitual para os hábitos portistas nos últimos anos largos). Eram os triunfos do Sporting em Arouca e do Benfica sobre o Marítimo a colocarem ainda mais pressão às contas dos dragões.

Mas esta receção ao V.Setúbal reunia também alguns fatores de motivação para os dragões. Jackson buscava o golo 50 pelo FC Porto em jogos oficiais. Quaresma queria mostrar serviço junto do povo portista. Lucho, «El Comandante» da equipa azul e branca, festejava o 33.º aniversário.

E cedo se percebeu que o FC Porto queria aproveitar esta partida para se reconciliar com os adeptos. Até ao intervalo, a partida teve quase sempre um sentido único: a baliza de Kieszek.

Quaresma, que se estreava a titular na Liga, assumiu grande parte do protagonismo nas ações ofensivas dos dragões, durante a primeira parte, em iniciativas que baralhavam as contas aos defesas sadinos (sobretudo Nélson Pedroso, que teve que levar quase sempre com o reforço portista...)

O público do Dragão gostava e queria mais. O 1-0 não demorou, por isso, a aparecer, e logo por Jackson, que precisou de apenas 11 minutos para atingir essa marca de meia centena de golos de dragão ao peito.

Contrastando com o equipamento laranja fluorescente, o V. Setúbal fazia uma exibição pálida. Sem grande capacidade de retaliação à óbvia superioridade dos dragões.

O FC Porto queria mais e, depois de várias ameaças, chegou mesmo ao 2-0. Em noite de várias atenções para Quaresma, Varela, o «outro» extremo, quis dizer presente e assinou o melhor momento do jogo: partiu do meio-campo, passou um adversário e fuzilou com o pé esquerdo. Golaço.

O relógio ainda marcava 35 minutos e já havia a clara sensação de que o jogo estava decidido. O FC Porto quis continuar com forte pendor ofensivo, mas depois do 2-0 a desaceleração foi evidente.

O intervalo chegou com um 2-0 a oferecer conforto à equipa da casa para a segunda parte.

O segundo tempo confirmou as coordenadas que dominaram o jogo após o 2-0: domínio total do FC Porto, mas já sem a carga ofensiva da primeira meia-hora. 

Mesmo a perder por dois, raramente o V. Setúbal se atreveu a sair do buraco: José Couceiro sabia que uma reação mais ousada da sua equipa poderia ter como consequência uma derrota com números bem mais expressivos.

O FC Porto entrou em gestão no segundo tempo. Baixou o ritmo, tirou Quaresma e Lucho para os aplausos, lançou Kelvin e Josué (quase fazia o 4-0, mesmo no fim) para alargar opções de futuro. Os três pontos estavam ganhos desde os 35 minutos.

Ainda deu para Carlos Eduardo, mais apagado nos últimos jogos, voltar a dar um ar da sua graça, com um belo golo no 3-0.

Não foi uma grande exibição do FC Porto. Mas foi uma vitória muito importante para ajudar a uma «retoma» emocional no Dragão.