Há duas maneiras de olhar para a segunda derrota do FC Porto em casa, nas três primeiras partidas da fase de grupos da Liga dos Campeões.


Uma é lamentar a expulsão de Herrera, elogiar a entrega dos dez jogadores que ficaram em campo e falar em azar por o golo do Zenit ter surgido perto do fim.


A outra é lembrar que este foi o segundo jogo que o FC Porto perdeu devido a faltas ingénuas cometidas por jogadores com pouca experiência. E falar no resto.


Escolher o primeiro caminho é ir pelo lado coitadinho da coisa. Creio que a história do FC Porto não autoriza essa via. E os factos também não. Herrera foi bem expulso e o golo do Zenit nada teve a ver com o facto de a equipa estar a jogar com dez: foi simplesmente um momento horrível da defesa.


Resta, pois, o segundo caminho.


Para quem já não se lembre, os golos do Atlético Madrid surgiram a partir de faltas sem sentido. Uma de Josué, outra de Mangala. Se falo nisto é por saber que na Liga dos Campeões, onde tudo é mais equilibrado, os detalhes assumem exemplar importância. Na Liga portuguesa, os adversários guardam respeitosa distância da baliza de Hélton. Na Europa, com exceção do Áustria de Viena, não é assim.

Esta noite, o FC Porto foi muito incompetente na forma como permitiu que Hulk embalasse em direção à baliza azul. Logo Hulk, logo um lance daqueles. Herrera fez o que lhe competia, aí nada a dizer. Inexplicável foi o que sucedeu a seguir. Aquele forma de sair da barreira é quase amadora. Na Liga dos Campeões não se joga assim. É provável que o mexicano não saiba. Mas, pergunto eu, a Champions é o local indicado para dar experiência a jogadores? Não, não é.

A Champions é o lugar dos melhores, dos mais fortes, dos mais experientes. Daí o espanto ao ver Defour e Varela, internacionais com muitas noites ao mais alto nível, no banco. Paulo Fonseca terá toda a razão do mundo, mas o número de vezes em que pode estar coberto de razão e depois sair tudo ao contrário é limitado. Sobretudo no FC Porto.

Depois o golo. Se repararmos no lance, ele é possível porque todos os defesas falham. Alex Sandro chega à jogada com imenso atraso. Mangala prefere continuar de olhos na bola, junto da lateral, em vez de recuperar a zona central. Pior: fica a ver Hulk pensar tudo aquilo, permite um cruzamento sem qualquer pressão. Otamendi olha para os adversários, mas depois fixa-se na bola. Por último Danilo. Ele reparou em Kerzhakov, mas foi incapaz de o seguir ou de avisar o central argentino para o que estava a passar-se entre os dois. Deu golo. Mau de mais para a Liga dos Campeões.

O FC Porto anda a defender mal e a expor a inexperiência na Liga dos Campeões. É um sítio arriscado para o fazer. Duvido que desculpas coladas com cuspo e críticas à arbitragem resolvam. Ou elogios à atitude. Era melhor que não existisse pelo menos atitude.