O FC Porto tem nesta fase da sua vida um jogador em grande forma: Fernando. Talvez por isso, o que o campeão fez com maior eficácia foi conter o Sporting.

Em muitas fases da partida, o Sporting assemelhou-se às claques quando são escoltadas pela polícia até ao estádio, antes dos grandes jogos. Vão no interior daquilo que se convencionou chamar «a caixa». Nesse espaço podem gritar, espernear, até chamar nomes a quem passa. Mas no fundo sabem que dali não saem.

O FC Porto fez isso ao Sporting. A equipa de Leonardo Jardim até teve bola, até conseguiu aproximar-se da área de Hélton, mas a capacidade para fazer mal ao adversário era limitada. Fernando foi o jogador essencial no sucesso deste trabalho. Não por acaso, o golo surgiu numa bola parada. Depois só houve mais uma oportunidade, por Montero.

Além do médio, que tinha sido espantoso frente ao Zenit, houve espaço nas alas para Alex Sandro (penálti) e Danilo (golo), e para a inspiração de Varela, o mais dinâmico dos avançados. O único que realmente desequilibrou, de um lado ou do outro.

No resto, os treinadores quiseram o jogo amarrado. Dez remates para cada lado, com o FC Porto mais eficaz. Aliás, foi sobretudo isso que fez a diferença, a qualidade dos remates e a zona em que foram feitos. As duas equipas tentaram manter-se organizadas, posicionais. Mesmo quando atacavam, pensavam em como seria a sua vida quando perdessem a bola.

Esta forma de estar revela também que o FC Porto não atravessa uma fase de grande confiança coletiva, a que se soma a relativa insegurança de Otamendi, a inexperiência de Herrera e o menor fulgor de Jackson Martinez.

Tudo somado, o FC Porto conseguiu, sem inesquecível brilho, o principal objetivo: aumentar a distância para os rivais. Em simultâneo, provocou a primeira derrota no Sporting e afastou para depois as sombras da Liga dos Campeões. Para já, talvez não fosse possível pedir mais.