Sangue português, genuíno, na Liga dos Campeões. O FC Lusitanos, emblema fundado em 1999 por imigrantes, é campeão nacional de Andorra. Bruno Pinheiro, o capitão, e Luís Reis, o goleador, já adormecem a sonhar com a mais bela das provas.
«Não é qualquer jogador que consegue isto. Se o ano passado, nos dois jogos da Liga Europa, foi uma loucura, imagine como vai ser este ano», diz Bruno Pinheiro ao Maisfutebol. Luís Reis junta-se ao coro de entusiasmo.
«Jogar a Champions será formidável. Se marcasse um golo era mais um sonho tornado realidade», dispara o avançado. Ele que, de resto, tem uma história onírica para contar. Esteve lesionado quase toda a temporada, «com uma fratura do perónio», e voltou para ser decisivo.
«Marquei três golos este ano. Acabei por regressar em boa altura. Marquei ontem ao Sant Julià, o jogo decisivo, e na semana passada tinha marcado um golo que não vou esquecer, de canto direto.»
Lusitanos: de «clube dos sarrafeiros» a campeão de Andorra
Para Luís Reis não havia forma de falhar o título. «Foi um jogo difícil, mas com as ganas que tínhamos e a vontade de querer ganhar para jogar a Champions era difícil não ganharmos.»
Missão cumprida.
O FC Lusitanos tem ainda dois jogos para a Taça de Andorra antes das férias. Depois, é descansar duas semanas e voltar para preparar a participação na 3ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões. Bruno Pinheiro conta com a ajuda das bolinhas do sorteio.
«As equipas de San Marino são mais ou menos do nosso nível. Vamos ver se temos essa sorte. O ano passado fomos eliminados pelo Rabotnicki (Macedónia). Não tivemos hipóteses. Perdemos 5-0 e 0-6 em casa. Eles, aliás, só foram eliminados pelo Liverpool. Até nem jogámos mas, mas somos amadores.»
Oito clubes, dois relvados, uma liga diferente
Bruno Pinheiro está em Andorra desde 2009. Tem 29 anos e em Portugal jogou sempre em clubes da AF Braga. «Passei pelo São Romão e pelo Silvares. As coisas no país estavam complicadas e optei por sair. Foi a melhor coisa que fiz. Jogo, trabalho, sou feliz.»
O futebol em Andorra é totalmente amador. Bruno Pinheiro é distribuidor numa empresa de transportes urgentes, Luís Reis trabalha como cristaleiro. Três vezes por semana acumulam o esforço dos treinos ao trabalho diário. Sábado é para descansar e o domingo é o dia dos jogos.
«Não temos vida para sermos futebolistas», desabafa Bruno Pinheiro. «É tudo pelo amor ao clube e ao futebol.»
O desenho da liga andorrenha é elucidativo. «Há oito equipas e só dois relvados. Ser visitado ou visitante é indiferente», conta Bruno Pinheiro. «Isto é tão pequeno que todos os jogadores se conhecem.»
«Aliás, há treinos em que estamos numa metade do campo e o adversário do fim-de-semana na outra metade. Também é normal estar num café à mesa com pessoas de outras equipas. É assim a vida em Andorra.»
Plantel do FC Lusitanos:
Guarda-redes: Andrés Benitez (ARG), Gonzalo de La Guardia (ESP) e Bruno da Silva;
Defesas: Hugo Veloso, Samuel Martins, Fernando Pereira, Bruno Pinheiro, Jonathan Ferreira (AND), Vítor Pereira, João Cunha, Daniel Laguna Crespo (ESP), Diego Abdian (ARG) e Leonel Maciel;
Médios: Yael Fontan (ESP), Jorge Rebelo, Sebastian Bertran (AND), Luís Filipe, Felipe Barros, Maicon (BRA), Ricardo Pereira (AND), Gregory Charles (FRA), Francisco Garvet (ESP), Gaby Meza (ARG), Franclim Soares, Rafael Martins (AND), Diego Marinho (AND), Teixeira Ribeiro e Lázaro Silveira;
Avançados: Raya (ESP), Luís Reis, Pedro Reis e Nuno Pereira (AND)