Cesc Fàbregas abriu o livro sobre a saída do Arsenal e ingresso no Barcelona. O ex-capitão dos «gunners» revela, inclusive, que se não fosse Arsène Wenger, não sabe o que seria como jogador de futebol e não estaria no emblema catalão.

«Sabia que este último ano era sim ou sopas, estávamos em quatro competições, Taça da Liga, Taça de Inglaterra, Liga dos Campeões e na Premier League éramos segundos, mas, no final, afrouxámos e nada», começa por dizer Fàbregas, em entrevista ao «El País».

O médio espanhol conta que «pensava voltar há muito tempo» e que quando o Barcelona demonstrou interesse só admitiu duas opções: «Ou ia para o Barça ou ficava no Arsenal.»

Fàbregas refere que nunca pensou «sair por dinheiro ou outra motivação a não ser a de voltar a casa», na Catalunha, de onde é natural, apesar de ter tido ofertas «desde os 18 anos», sem querer confirmar interessados, quando confrontado com o nome do Real Madrid.

Depois, questionado sobre se se sentiu «sequestrado» por Arsène Wenger, Cesc Fàbregas rejeitou peremptoriamente a ideia: «Há uma imagem errada dele. Se não fosse ele, agora não seria jogador do Barcelona, porque não me teria estreado com 16 anos, jogado uma final da Champions com 18 ou sido capitão do Arsenal com 20. Sem ele, não sei onde estaria agora. Também não seria jogador do Barcelona, porque ele ajudou-me com os donos do Arsenal, que não me queriam vender por nada. Ele convenceu-os. Pressionou-os para baixarem o preço da transferência.».

A hora de despedida de Londres e do treinador francês foi difícil, assegura Fàbregas: «Tive muitas conversas com ele, as palavras de Wenger vão acompanhar-me para toda a vida. Aquele último dia...custou-me falar. Emocionei-me e não consegui dizer nada. Telefonei-lhe depois, já mais tranquilo, e agradeci-lhe. Ele é nota dez, com defeitos e virtudes, mas o que esse homem me deu não tem preço.»

«Estorvo os meus colegas»

Campeão do mundo pela Espanha, o médio sorri quando fala da passagem por Inglaterra. «As pessoas podem passar que é absurdo, mas o que fica verdadeiramente é o Inglês», declara Fàbregas. «Nem nos meus melhores sonhos imaginava que um dia ia fazer-me entender em todo o mundo», explica.

Por fim, o camisola 4 dos «culés» falou de quanto é difícil jogar no campeão espanhol e europeu, mesmo que tenha feito toda a formação no clube, ao lado de Messi e Piqué.

«Jogar contra o Barcelona é muito complicado, mas jogar no Barcelona também não é fácil», afirmou Fàbregas, que explica que «a concentração da equipa a nível defensivo é imensa» e que é «complicado jogar tão fácil» como Messi, Xavi e Iniesta fazem. «Tenho a sensação que ainda estorvo os meus colegas, que são tão bons que o disfarçam», rematou.