Foi preciso esperar pelo minuto 100 do entediante Escócia-Hungria para atingir o pico de emoção: os magiares marcaram em tempo de descontos, venceram por 1-0 e ainda têm esperanças em ser um dos melhores terceiros. Aos húngaros, resta esperar na Alemanha para acompanhar o desenrolar dos outros grupos. Já os escoceses, terminaram aqui o sonho de chegar pela primeira vez a uma fase a eliminar.

Tem sido um Europeu entusiasmante: golaços de fora da área, jogos com muitos golos, intensidade, imprevisibilidade, energia nas bancadas e nas ruas da Alemanha, enfim, muito espetáculo. Contudo, o Escócia-Hungria foi uma exceção. Ao contrário do que se previa, este é um grande candidato a pior jogo do Euro 2024.

Poucas oportunidades de golo – apesar da necessidade de ganhar – e um fio de jogo quase inexistente. Para o espetador, o melhor mesmo era fazer zapping na TV e trocar para o Suíça-Alemanha, onde os anfitriões quase foram surpreendidos. Caso contrário, arriscava-se a bocejo atrás de bocejo, acabar por adormecer.

A Escócia quis assumir o estatuto de melhor equipa assim que começou o jogo e fez-se valer de um maior domínio da posse de bola… completamente estéril. A Hungria organizou-se à frente da área e limitou-se a ver os escoceses a trocarem a bola, sem qualquer ideia ou vislumbre de perigo. Prova disso é que a equipa de Steve Clarke nem um remate à baliza conseguiu fazer na primeira parte.

Por outro lado, os húngaros, quando tinham a bola, procuraram ser atrevidos nas saídas para o ataque, embora apenas conseguissem ameaçar com remates de fora da área.

E se era esperado que o jogo abrisse na segunda parte, face à necessidade que as duas equipas tinham em vencer… viu-se mais do mesmo: um jogo muito amorfo e aborrecido.

A 20 minutos do final, Barnabas Varga causou um enorme susto. O avançado foi atingido no ar pelo guarda-redes escocês, caiu no relvado e sofreu convulsões. A apreensão no rosto dos companheiros e dos adeptos era bem visível. Os magiares tentaram proteger o colega com lonas, exigiram pressa para que a maca chegasse ao relvado e ajudaram a que Varga fosse retirado do campo. Felizmente, sabe-se agora que não passou de um susto.

O jogo tornou-se diferente a partir desse momento, até pelas várias mexidas que os dois selecionadores promoveram. Ainda assim, as melhores oportunidades continuaram a pertencer aos magiares, que tiraram proveito da desorganização defensiva dos escoceses.

No último minuto de descontos, após um canto para a Escócia (!), a Hungria lançou-se rapidamente para o ataque e o ex-Benfica Kevin Csoboth finalizou a jogada que deu os três pontos e o - quiçá precioso - terceiro lugar. Daqui, recorde-se, poderá sair o adversário de Portugal.

A figura: Kevin Csoboth entrou para resolver

Depois das críticas recentes, Dominik Szoboszlai deu um passo em frente e assumiu verdadeiramente o papel de líder da Hungria esta noite. Contou, no ataque, com a ajuda de Roland Sallai, sempre muito vertical e eficaz nas suas ações. Os dois jogadores estiveram até na origem do golo de Kevin Csoboth, o grande herói do jogo. O ex-Benfica (passou pelas camadas jovens e equipa B, mas nunca jogou na equipa principal) entrou irrequieto e, instantes antes do golo, já tinha ameaçado os escoceses com uma bola ao poste.

O momento: um golo aos 90+10m para alimentar a esperança

Cumpria-se o último minuto de descontos quando a Hungria assegurou o triunfo para ainda manter esperanças de continuar no Europeu. O jogo estava partido e os contra-ataques sucediam-se. Szoboszlai arrancou com a bola após uma recuperação num canto da Escócia, tocou para Csoboth, que libertou na direita para Sallai e o avançado cruzou atrasado para o desvio do Benfica – seguiu-se uma explosão de alegria.