O cinismo suíço quase gelou Frankfurt, no encerramento do Grupo A, na noite deste domingo. Compactos atrás, expectantes e velozes na frente, os comandados de Murat Yakin aplicaram, de forma exímia, o antídoto para travar uma Alemanha avassaladora nas primeiras semanas do Euro 2024.

Em todo o caso, Füllkrug vestiu a capa de herói, para lá do minuto 90, forçando o empate (1-1).

Depois de triunfar sobre Escócia e Hungria, Nagelsmann repetiu, pela terceira vez, os titulares. Por sua vez, Murat trocou Shaqiri e Vargas por Rieder e Embolo.

Recorde, aqui, o filme deste encontro, o primeiro em Europeus entre Alemanha e Suíça.

O encontro conheceu apenas um rumo: Alemanha de olho no golo. Todavia, nesse percurso, os anfitriões esbarraram num muro vermelho e bordô, liderado por Akanji e Schär. Como tal, as investidas de Musiala e Havertz eram frustradas por marcações individuais e uma pressão organizada, sem riscos posicionais.

Em todo o caso, Andrich ameaçou desconstruir a defesa contrária ao minuto 17m, quando, fora da área, encheu o pé e deixou Sommer mal na fotografia. Mas, antes de tal remate, Musiala cometeu falta, na área.

Entretanto, 10 minutos volvidos, quando a Alemanha já levava mais de 230 passes – em contraponto com os 70 da Suíça – foram os helvéticos a inaugurar o marcador, por Ndoye. Num raro rasgo ofensivo, a pressão adiantada compensou e Freuler encontrou, no coração da área, o avançado, que descartou Neuer do lance.

Até ao intervalo, a Suíça forçou um ritmo mais elevado, ensaiando o segundo golo, uma vez mais por Ndoye.

Aquando da pausa, Tah, defesa central germânico, já contava com um cartão amarelo, que o afasta dos oitavos de final.

O salvador germânico veio do banco

Na etapa complementar, nada mudou. A Suíça permaneceu expectante quanto a erros e aplicou contra-ataques. Por sua vez, a Alemanha forçou cruzamentos, cantos, remates fora da área, mas sem efeito. Entre os postes, Sommer estava tranquilo, enquanto as cinco unidades mais recuadas «secaram» as investidas germânicas.

Entre trocas, Vargas, ao cabo de 20 minutos em jogo, duplicou a vantagem helvética. Contudo, em fora de jogo.

Esperançosos, os anfitriões apostaram todas as unidades em prol da igualdade. Depois de Havertz visar a barra, aos 85m, Füllkrug soltou a festa em Frankfurt, aos 90+2m.

Após 16 minutos em campo, o ponta de lança juntou-se aos melhores marcadores do torneio, assinando o segundo golo. O cruzamento teleguiado de Raum, pela esquerda, encontrou o cabeceamento certeiro.

Assim, a Alemanha soma sete pontos e termina na liderança do Grupo A, aguardando, nos «oitavos», pela segunda classificada do Grupo C, entre Inglaterra, Eslovénia, Dinamarca ou Sérvia. O encontro está agendado para a noite de sábado (20h), em Dortmund.

No caminho para a final, a 14 de julho, a «Mannschaft» poderá cruzar com Portugal nas meias-finais, e com Espanha nos «quartos».

Por sua vez, a Suíça foi segunda classificada do Grupo A, com cinco pontos. Segue-se o duelo com o segundo colocado do Grupo B, entre Itália, Albânia ou Croácia. A partida será disputada na tarde de sábado (17h), em Berlim.

A figura: Akanji

O líder da defesa da Suíça foi determinante para a vantagem no marcador, apenas destruída pela impetuosidade de Füllkrug. Ao longo de 90 minutos, o defesa central liderou um muro de, geralmente, seis unidades. Importa realçar a organização helvética, sem arriscar nas marcações, mas sendo contundente na pressão sobre os avançados.

Assim, fica desde já garantido que o sucesso suíço começará pelos pequenos triunfos da defesa. Garantido esse aspeto, outros protagonistas, como Xhaka e Ndoye, entrarão em cena para aplicar velozes contra-ataques. Por isso, Akanji foi responsável por recuperações de posse, pelo fim de sucessivos ataques e foi o primeiro construtor.

O momento: Füllkrug, o salvador

Não seria dramático se a Alemanha «caísse» para o «outro lado» das eliminatórias, juntando-se, por exemplo, a França. Todavia, seria preocupante esta seleção – até esta noite imparável – ser incapaz de responder à teimosia defensiva da Suíça.

Em simultâneo, é preocupante a insistência do selecionador nos mesmos 11 jogadores. Será falta de confiança? Até quando o «salvador» sai do banco. Füllkrug assinou o segundo golo no torneio, sendo o primeiro suplente a atingir essa marca neste Europeu.

Em meses de eficácia elevada, o ponta de lança do Dortmund exige a titularidade, sobretudo quando outros elementos, como Havertz, são incapazes de capitalizar as oportunidades.