O Tribunal de Contas divulgou nesta terça-feira um relatório de auditoria sobre o Euro¿2004, onde é expressa a preocupação pelo sobredimensionamento dos estádios construídos para acolher a prova. «Os novos estádios do Euro¿2004 estão sobredimensionados, o que pode ser constatado pelas baixas taxas de ocupação, da ordem dos 20 a 35 por cento. Em alguns dos estádios, nem durante o Euro¿2004 se atingiu a lotação máxima», pode ler-se no relatório.
O organismo que supervisiona as contas públicas chegou a questionar se «o elevado montante de apoios públicos» concedidos não poderia ter sido utilizado «noutras áreas de relevante interesse e carência pública». Segundo o Tribunal de Contas, as expectativas criadas pelos responsáveis locais foram defraudadas, devido à escassez de meios próprios das autarquias e insuficiente financiamento por parte da Administração Central, e houve a necessidade de recorrer a empréstimos bancários, o que poderá acarretar graves consequências futuras. O Estado, segundo o relatório, irá gastar cerca de 16,64 milhões de euros até 2013, devido a bonificações de juros (2,7 milhões) atribuídas até Agosto de 2005 nos empréstimos concedidos a quatro clubes, promotores privados dos respectivos estádios, nomeadamente Benfica, Sporting, Boavista e F.C. Porto.
Os apoios directos a estes clubes ascenderam aos 66,1 milhões de euros, dos quais 61 milhões destinaram-se aos estádios, sendo que o restante montante destinou-se a estacionamentos. Em conjunto, a comparticipação financeira do Estado a promotores públicos e privados crifou-se em 109,1 milhões de euros (61 por cento para os clubes, 39 para os promotores públicos). Um dos pontos do relatório refere-se aos apoios indirectos da Câmara do Porto aos clubes da cidade, F.C. Porto e Boavista, patenteados em terrenos avaliados, no caso do F.C. Porto, a um valor padrão de 299, 28 euros/m2, pelo Plano de Pormenos das Antas, «valor considerado em alguns casos como estando subavaliado», segundo o Tribunal de Contas. O Boavista, por seu turno. Recebeu uma parcela de terreno para construção no novo pavilhão polidesportivo, avaliada em 1,01 milhões de euros.
Derrapagem de custos nos acessos aos estádios
O Tribunal de Contas divulgou, no mesmo relatório de auditoria sobre o Euro¿2004, divulgado nesta terça-feira, que houve uma derrapagem de 13,3 por cento no montante gasto com os acessos aos novos estádios, que ascendeu aos 148 milhões de euros. Inicialmente, estava prevista uma despesa de 130,4 milhões com as 40 empreitadas relacionadas com as acessibilidades aos recintos construídos para o evento, sendo que o montante destinado aos acessos a cargo de promotores privados cifrou-se em 18, 6 milhões de euros, 62,3 por cento dos quais respeitantes às acessibilidades do Estádio da Luz.