Ganhar ou ganhar. A receita única para Portugal daqui a uns dias em Lyon frente à Hungria era a mesma que se aplicava à Roménia frente à Albânia no mesmo palco. Em caso de vitória, a entrada nos oitavos de final não era líquida mas tornava-se possível (em segundo) ou bastante provável, na condição de um dos quatro melhores terceiros classificados.
Convicção e licença para atirar à baliza. A precisar dos três pontos para sonhar com a passagem aos oitavos de final do Europeu, a Roménia fez pela vida. Os 20 minutos iniciais da primeira parte foram da seleção do Cárpatos, com vários remates de meia distância que acabaram por não fazer mossa.
Apesar de bem organizada defensivamente, a Albânia parecia estar mais do que ao alcance da Roménia. Mas o balão, que foi enchendo e enchendo, esvaziou-se por completo a partir dos 25 minutos: contra-ataque dos albaneses, com Lila a receber na direita e a servir Lenjani no lado oposto. Sem oposição e com a baliza escancarada, o extremo albanês falhou o alvo.
Aquele momento, desperdiçado pelo jogador albanês, terá sido o clique que mudou o jogo. Que fez a pequena Albânia agigantar-se perante os romenos mais batidos nestas andanças.
E a Roménia recuou. Tremeu como um pugilista que, depois de sovar o adversário nos primeiros assaltos do combate, leva um soco no estômago que o deixa abalado. A duvidar da sua superioridade teórica, sobre um adversário transfigurado pelo tal momento que acabou com a bola nas bancadas.
Lenjani acusou a pressão de inscrever o seu nome com letras douradas nas páginas da história do futebol albanês. Pelo caminho, Memushaj (jogo enorme do médio do Pescara) também não conseguiu bater Tatarusanu, mas redimiu-se aos 44’, quando cruzou para a cabeça de Sadiku, que atirou a contar para fazer sofrer a Roménia e apontar o primeiro golo da Albânia na fase final de um Europeu
Golpe de teatro em Lyon. À Roménia só interessava a vitória e até o empate parecia fugir-lhe entre as mãos. Iordanescu sabia que não havia tempo para esperar mais. Mexeu ao intervalo e a 20 minutos do fim já tinha esgotado todas as substituições, uma delas (Torje para o lugar do lesionado Alibec) forçada.
A Roménia empurrou a Albânia mas sem a força e a convicção necessárias para chegar ao empate. Não há registo de uma grande defesa do guardião albanês e só Andone, aos 77’, esteve perto do golo, com um remate violentíssimo à barra.
Faltava clarividência para desmontar o bloco defensivo coeso montado por Gianni de Biasi. ADN italiano, só podia ser, na base do triunfo da Albânia, que chuta a Roménia para fora do Euro e ainda sonha com os oitavos de final. Quem diria, hein?