Marco Silva garante que o Estoril também é forte em casa, mas este domingo os canarinhos caíram com estrondo diante do novo Vitória de José Couceiro e voltaram a desiludir os adeptos, com o primeiro jogo em que ficaram em branco. A verdade é que o Estoril só venceu na primeira jornada no Estádio António Coimbra da Mota e, depois disso, somou dois empates e duas derrotas, a primeira diante do Benfica e, agora, de forma mais inesperada, diante do Vitória. 

Os primeiros minutos revelaram desde logo que não ia ser fácil encontrar espaços num relvado onde as duas equipas se encaixaram e atrofiaram todas as vias por onde a bola podia circular. José Couceiro está a arrumar a casa sadina de trás para a frente, sendo bem percetível que a prioridade do novo treinador passa por dar consistência à defesa para depois apostar na velocidade dos homens da frente. A equipa sadina defendia com muita gente e arriscava no ataque com poucas unidades. 

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Os canarinhos, com Sebá e Carlitos bem abertos nas alas, tentaram impor o seu ritmo desde o início, procurando profundidade nas alas, mas encontraram muitas dificuldades para abrir espaços na muralha sadina. O Estoril tinha mais iniciativa, mas a verdade é que também nunca arriscou muito, demonstrando muito respeito pelas rápidas transições do adversário.

A primeira oportunidade clara até foi do Vitória, com Miguel Pedro a obrigar Vagner a uma defesa por instinto. Sem espaços, Luís Leal ensaiou o primeiro remate, aos 17 minutos, fora da área, por cima da trave. Tinha de ser assim, porque o equilíbrio em termos táticos era total e as iniciativas individuais não permitiam mais do que a conquista de alguns metros no terreno, porque havia sempre um segundo homem para a segunda bola, tanto de um lado como do outro. Ramón Cardozo também tentou a sua sorte de longe, com um remate colocado ao ângulo, mas Vagner, atento, correspondeu com a defesa da tarde.

O jogo prosseguiu equilibrado até ao intervalo, apenas com um ligeiro ascende dos de «amarelo» nos últimos instantes, com destaque para uma grande oportunidade de Luís Leal que, lançado por Carlitos, ultrapassou Kieszek, mas perdeu o ângulo de remate. Mas o equilíbrio foi a nota dominante. O primeiro a arriscar podia tirar dividendos, mas o primeiro a falhar também podia pagar bem caro por isso.

O Estoril voltou para a segunda parte com as linhas ligeiramente mais adiantadas e, consequentemente, o Vitória recuou, mas pouco mudou, continuava tudo encaixado. Era preciso mudar as peças para algo acontecer. Foi logo a seguir, com Marco Silva a lançar, de uma assentada, Balboa e João Pedro Galvão, e Couceiro a revelar maior prudência, reforçando o meio-campo com Tiago Terroso. Tudo mudou num ápice. De repente havia espaços, o Estoril empolgava-se, os adeptos entusiasmavam-se, mas num lance que parecia inofensivo, João Pedro Galvão levou a mão à bola. Penálti que Paulo Tavares converteu em golo.

Ainda faltavam 25 minutos para o final, mas a partir daqui o Estoril jogou como se estivesse nos descontos, com mais coração do que com a cabeça. O jogo concentrou-se junto à área sadina, as oportunidades multiplicaram-se perante um Vitória cada vez mais encolhido a defender a preciosa vantagem. Chegou-se a gritar golo na Amoreira depois de Balboa desviar a bola de Kieszek, mas esta passou caprichosamente ao lado, deixando os adeptos canarinhos com o golo entalado nas gargantas.

O Estoril carregou com tudo o que tinha, mas foi o Vitória a colocar um ponto final no jogo, já em tempo de compensação, depois de um erro claro de Vagner que, ao procurar aliviar, colocou a bola nos pés de Tiago Terroso que fez o 2-0 com um chapéu de belo efeito.

Um resultado de difícil digestão para o Estoril e para o seu treinador que queria demonstrar, na véspera de mais um jogo europeu, que a sua equipa também podia ser forte em casa. Muito mérito também para o novo Vitória, bem mais consistente a defender [terceiro jogo sem sofrer golos] e mais astuto na procura do golo [cinco jogos sem derrotas com Couceiro].