O Vasco da Gama apresentou, nesta quinta-feira, um equipamento que recorda a posição do clube brasileiro contra o racismo. Em 1924, o emblema com raízes lusas resistiu a pressões para abdicar dos doze jogadores negros da equipa.

«Há quem diga que o clube se aproveitou dos negros pela forma atlética, mas na verdade foi o Vasco que os tornou atléticos, eles não tinham condições de se alimentar bem e o clube, já em regime de semi-profissionalização, dava alimentação, pedia emprego para os atletas aos comerciantes portugueses», explicou o sociólogo Mauricio Murad, acrescentando: «Os portugueses eram ricos, mas discriminados, como se dissessem 'são comerciantes de secos e molhados'. Isso também aproximou essas duas camadas excluídas, os portugueses e os pobres.»

A camisola apresenta, na gola, duas expressões marcantes: «Democracia e inclusão». Em 1924, a recém-criada Associação Metropolitana de Esportes Atléticos só permitiria a inscrição do Vasco da Gama caso o emblema abdicasse dos elementos negros.

José Augusto Prestes, presidente do Vasco à época, redigiu uma carta que se tornaria famosa. A partir daí, nada foi como dantes: «São esses doze jogadores jovens, quase todos brasileiros, no começo de sua carreira e o ato público que os pode macular nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu, nem sob o pavilhão que eles, com tanta galhardia, cobriram de glórias. Nestes termos, sentimos ter que comunicar a V.Exa. que desistimos de fazer parte da AMEA.»

Veja esta e outras novidades na nossa galeria de equipamentos de 2011. Sabe, por exemplo, como será a camisola de Cristiano Ronaldo na próxima época? Ou que a França vai vestir à marinheiro? Está tudo aqui.