Os últimos dias foram pródigos em afirmações que, para lá dos resultados, terão deixado alguns adeptos a dizer mal da sua sorte. E a sorte, ou a falta dela, esteve na base de quase todas as conclusões tiradas pelos treinadores após esta jornada da Champions.

Não há português que resista à fórmula: quando a vida corre bem, há mérito. Quando algo falha, é galo.

Depois, há formas de abordar a questão. Nesse aspecto, nenhum treinador das equipas portuguesas da Champions foi particularmente feliz, na modesta opinião deste jornalista que, por mera infelicidade, não é José Mourinho ou Cristiano Ronaldo.

Vítor Pereira foi o que melhor lidou com a derrota em Paris, sem branqueamentos logo após o jogo, embora tenha falhado um objetivo: o primeiro lugar do grupo.

«Não deixamos esquecer que somos os únicos na Liga dos Campeões», disse o treinador do F.C. Porto, já nesta quinta-feira.

E, insistindo nesse ponto, desvalorizou ainda mais outro: o F.C. Porto é o único dos três com dois afastamentos consecutivos da Taça de Portugal, de forma precoce, algo que não acontecia há décadas.

A receção ao Dínamo de Zagreb, na máxima força, deu a entender que Vítor Pereira iria concentrar todo o poder de fogo do Dragão na Champions, no primeiro lugar do grupo.

Por infortúnio, que a sorte dá trabalho e a falta dela trabalho dá, o empate que bastava em Paris fugiu. Como fugiu a Taça, prova com tradição e carinho dos adeptos.

Sobra a fase seguinte da Liga dos Campeões, importantíssima para os cofres, e a liderança repartida no campeonato. Saldo positivo.

Jorge Jesus e José Peseiro, a quente, agarraram-se a outras ideias sem qualquer tipo de resultado prático.

«Não se vê nenhuma equipa fazer em Camp Nou o que o Benfica fez», ou «tivemos o adversário praticamente à nossa mercê, por vezes até desorientado» no caso do Sp. Braga, parecem dados paralelos num relatório assente na felicidade. Ou a falta dela. É curto.

Sobre o trabalho europeu de Jorge Jesus e José Peseiro, basta esta avaliação. Pode ler à vontade. Benfica e Sp. Braga falharam de mais.

Restam os discursos, que pareceram tão infelizes como esta prosa para alguns leitores. Enfim, se calhar também eu terei de repensar o meu discurso. Ou agarro-me à sorte e digo que foi apenas um dia mau.

PS: o texto já estava pronto quando o Sporting entrou em cena para elevar a fasquia. O argumento é insuperável. Salvam-se as palavras de Vercauteren: «Temos de estar preparados para jogar dois jogos em três dias, isso nunca será desculpa.»