A 4 de abril de 1973 foi escrita a mais fugaz página da história das presidências leoninas. Orlando Valadão Chagas tomou posse e renunciou ao cargo instantes depois. Ironicamente, aquele que acabou por ser o mais curto dos mandatos viria a dar lugar ao mais longo.
A chegada de Orlando Valadão Chagas à liderança do Sporting surgiu na sequência da contestação ao seu antecessor. O desgaste de oito anos de presidência começou a pôr em causa a continuidade de Brás Medeiros. O então presidente foi reeleito em Novembro de 1972, mas as dúvidas levantadas e as críticas apresentadas por alguns sócios, durante a Assembleia Geral eleitoral, levaram a que apresentasse a demissão.
O nome de Valadão Chagas foi então sugerido por uma comissão para suceder ao presidente demissionário e acabaria por ser eleito em Assembleia-Geral eleitoral extraordinária, realizada a 29 de março, com Manuel Nazareth a vice-presidente .
Mas nos seis dias entre a eleição e a tomada de posse a vida de Valadão Chagas iria mudar. Ainda em março, foi convidado por Marcelo Caetano para fazer parte do Governo, assumindo a pasta de Secretário de Estado da Juventude e Desportos.
A chamada do presidente do Conselho de Ministros não surgiu por acaso. Entre 1958 e 1963, durante cinco anos, Valadão Chagas ocupou o cargo de Diretor-Geral de Educação Física, Desportos e Saúde Escolar, no Governo de Salazar. Um novo convite para subir na hierarquia do Estado acabou por ser irrecusável, levando-o a abdicar da presidência leonina.
Assim, a 4 de Abril de 1973 tomou formalmente posse como presidente do Sporting e renunciou instantes depois. No dia seguinte era nomeado Secretário de Estado.
O vice-presidente Manuel Nazareth assumiu interinamente a presidência do clube, frisando que era apenas uma solução transitória. Em setembro desse ano João Rocha seria eleito presidente pelos sócios leoninos em Assembleia-Geral eleitoral, ocupando o cargo nos 13 anos seguintes.