«É difícil que um guarda-redes possa dar uma vitória. Mas, muitas vezes, evita uma derrota». É, assim, pouco provável que Artur e Helton venham a marcar um golo que decida o Clássico. As possibilidades são bem maiores se pensarmos na hipótese de uma atuação que encha as vistas com a missão de tapar os caminhos da baliza.

João Fonseca, atual treinador de guarda-redes do Leixões, representou Benfica e F.C. Porto na década de 70. Era o guardião portista na época em que a equipa de José Maria Pedroto pôs fim ao período de 19 anos sem conquistar o título. O Maisfutebol ouviu-o para perceber quem poderá sair de crista levantada do Clássico.

Para Artur, Fonseca deixa rasgados elogios. «A primeira vez que o vi nem imaginei que fosse brasileiro. Tem um ar mais europeu e uma postura que não é normal nos brasileiros. Talvez o tempo que passou em Itália lhe tenha dado outra maturidade. É pouco expansivo, mas é muito sereno e eficaz», descreve.

No entender do ex-guarda-redes, Helton não atravessa um período tão bom. «Há algo ali que não está bem. Já teve várias precipitações esta época. Não creio que seja nervosismo porque ele é um guarda-redes com muita experiência. Mas não está ao nível que já esteve», opina.

Ainda assim, acha que Helton leva vantagem num aspeto: a experiência em Clássicos. «Pode não ser decisivo, mas é sempre um ponto a seu favor. Mas o Artur chega de Itália, fez uma boa época, ou meia época, no Braga, e deu logo para entender que era bom. Aliás, eu já me perguntei muitas vezes: onde é que ele andava?», conta.

Para João Fonseca o guarda-redes «pode ser chave» num jogo tão característico como este. «Muitas vezes não são as grandes figuras que decidem estes jogos, mas algumas, digamos, menos notáveis. Os guarda-redes podem ajudar muito», defende.

Frente a frente, diz Fonseca, estarão os dois «melhores guarda-redes estrangeiros» do campeonato português. Para ele, há um português que poderia intrometer-se entre eles. «É pena que não jogue em Portugal. É o Beto», revela.

Artur e Helton são totalistas na Liga. O portista sofreu menos golos que o compatriota que defende a baliza do Benfica (13-16). O guardião encarnado tem a mesma vantagem no número de pontos atribuídos pelas exibições (64-61). Equilíbrio portanto. Que decida o especialista.

Veredito: «Neste momento escolhia o Artur. Dos dois parece-me o que está melhor. Até à chegada do Artur, achava que o Helton era o melhor guarda-redes estrangeiro do campeonato, mas o Artur convenceu-me.»

Dados estatísticos (2011/12):



Artur Dados Helton
20 Jogos 20
1800 Minutos 1800
0 Faltas cometidas 1
0 Faltas sofridas 2
0 Cartões amarelos 2
61 Pontos Maisfutebol 64
3.20 Média de Pontos 3.05