Diz a sabedoria popular que em cada canto do Mundo há um português. Pois bem, no futebol indonésio há dois, e no mesmo clube! O Persijap Jepara, equipa da ilha de Java, é treinada por Divaldo Alves e conta com Gustavo Ribeiro para assumir o papel de goleador na temporada que arranca na próxima semana.

O primeiro a chegar à Indonésia foi o técnico, em 2008/09. «A internet faz milagres», responde de imediato, quando perguntamos como surgiu a oportunidade. «Tenho o meu currículo em vários sites, e um dia contactaram-me. Tive receio, inicialmente, mas depois o presidente do clube enviou-me as garantias bancárias e o bilhete de avião. Fiquei mais tranquilo», recorda, em conversa com o Maisfutebol.

Divaldo Alves treinou clubes modestos em Portugal. Esteve nas camadas jovens do Algueirão, por exemplo, envolvido numa parceria com a formação do Benfica. Os responsáveis do PSMS Medan entenderam que era a pessoa indicada para coordenar a academia do clube, tendo em vista um protocolo com o Manchester United. Mas na ressaca de uma «chicotada psicológica» foi convidado a orientar a equipa principal. Passou depois pela filial do clube, o Medan United, e seguiu depois para o Persijap Jepara, onde agora se encontra.

Gustavo chegou ao clube só no inicio deste mês de Setembro. Divaldo precisava de um «homem-golo» e decidiu convidar um compatriota que tinha visto jogar na Grécia. «Tive algum receio, mas como ia ter um treinador português que me ajudaria na adaptação, decidi aceitar», conta o jogador ao Maisfutebol.

A Indonésia depois da Alemanha, Espanha, Grécia e...futebol de praia

Para «Guti» era, no fundo, apenas mais uma aventura. Depois de ter representado o Almada e o Montijo, o avançado foi à procura do sucesso no estrangeiro. Primeiro juntou-se ao amigo Cafú (ex-Belenenses e Boavista) nos alemães do Sportfreunde. Seguiram-se dois anos em Espanha (Compostela e Lalín) e Grécia (Eordaikos e Odysseas Anagennisi). Pelo meio até representou a selecção portuguesa de futebol de praia no Mundial de 2006. «Foi engraçado. Estive quinze dias no Brasil e representei o meu país», recorda.

No último defeso esteve perto do Paços de Ferreira, mas a transferência não se concretizou por motivos «extra-futebol». Recebeu também convites de Freamunde e Oliveirense, mas as ofertas não agradaram. «O salário era muito inferior ao que recebia na Grécia. Aqui na Indonésia pagam-me mais. Uma diferença de dois mil euros», adianta.

No Persijap Jepara foi chegar, ver e vencer. No primeiro jogo, um particular contra outra do país, conseguiu um «hat trick». «Estavam 20 mil pessoas nas bancadas. O campeonato está ao nível da Liga de Honra portuguesa. Surpreenderam-me pela positiva. Os jogadores indonésios não têm formação. São rápidos e fortes fisicamente, mas fracos tacticamente. Começam a jogar aos 18 anos», diz «Guti». Uma opinião partilhada por Divaldo Alves: «Não têm princípios de jogo, mas o potencial é enorme. Real Madrid e Arsenal já fundaram academias aqui.»

No que diz respeito à visão sobre o país, a opinião também é partilhada. «Há muito luxo e também muita pobreza. Faz lembrar o Brasil», diz o jogador português. «Nos grandes centros urbanos há muita riqueza, mas no resto do país não», acrescenta o técnico.