No caso de recorrer para o Tribunal de Trabalho, dificilmente Del Neri poderá sair vencedor. Embora o Código do Trabalho diga, no seu artigo 107º, que «nos contratos de trabalho a termo certo o período experimental tem a duração de trinta dias para contratos de duração igual ou superior a seis meses», o Contrato Colectivo assinado pela Liga e pela Associação Nacional de Treinadores alarga este período a sessenta dias. É com base neste Contrato Colectivo que os contratos de trabalho dos treinadores são feitos, pelo que é prática comum, quase regra, especificar que o período experimental será de sessenta dias. Durante este tempo, recorde-se, qualquer das partes pode rescindir sem ser necessário invocar justa causa e sem haver lugar a qualquer indemnização. Que foi o que o F.C. Porto fez.
Embora Del Neri tenha assinado contrato no dia 4 de Junho, o início do período experimental apenas é contado a partir do momento em que o treinador começa de facto a trabalhar no clube. O italiano poderá evocar que a partir do momento em que assinou contrato viu vídeos, analisou jogadores, fez escolhas, mas, para os especialistas em direito laboral consultados pelo Maisfutebol, o início do período experimental apenas é contado a partir do momento em que se inicia o trabalho de facto, no local próprio e com os meios necessários. Ora nesse sentido, o período experimental deve ser contabilizado a partir de 12 de Julho, o primeiro dia da nova temporada portista. Como Del Neri foi despedido no dia 7 de Agosto, passaram exactamente apenas 27 dias desde o início do trabalho. Bem dentro, portanto, do prazo consignado no contrato como período experimental.