Afinal, as notícias sobre o fiasco desportivo do Manchester United nesta temporada eram francamente exageradas. A vitória sobre o Arsenal, neste domingo, tornou a equipa do mal-amado David Moyes numa das maiores vencedoras do fim de semana, com a aproximação ao líder a traduzir-se numa distância de cinco pontos, que para os padrões da Premier League nada tem de inquietante. A festa dos «red devils» foi desencadeada por um golo de Van Persie, que não se escusou a festejar com alguma acidez, diante dos adeptos da antiga equipa, ajustando contas por uma saída conturbada e nunca perdoada pelos seguidores dos «gunners».

A aproximação do United ao pelotão da frente foi acompanhada pelos tropeções de Chelsea, Manchester City, Everton e Tottenham, o que deixa os oito primeiros da tabela separados por apenas seis pontos. Refira-se, entretanto, a forma polémica como José Mourinho conseguiu manter o registo de invencibilidade caseira na Liga (66 jogos desde 2004), graças a um discutido penalti em tempo de descontos. Melhor, ainda assim, do que o segundo desaire doméstico do Tottenham, de André Villas-Boas que, incrivelmente, tem um dos piores ataques da Liga. A sensação positiva da prova continua a ser o Southampton, que se isolou num impensável terceiro lugar, com o português José Fonte como patrão da defesa menos batida da prova.

CR7 insaciável, Barcelona também

Em Espanha, pelo contrário, o Barcelona goleou em Sevilha e ganhou terreno sobre o At. Madrid, travado por um Villarreal cada vez mais sólido. Má notícia para Tata Martino, a nova lesão muscular de Messi, substituído ao fim de 21 minutos. O argentino não pôde, assim, quebrar o jejum goleador em partidas para a Liga, ao contrário de Cristiano Ronaldo que, com o hat-trick na goleada à Real Sociedad, passou a somar nove golos nas últimas quatro partidas. Que o ritmo não tenha quebras na seleção, é o que se deseja e espera para os próximos dois jogos.

Na Alemanha, a jornada deste fim de semana deixou a sensação de que o Bayern de Munique está a descolar da concorrência. A equipa de Guardiola fixou um novo recorde com o melhor arranque de sempre da Bundesliga, com 32 pontos em 36 possíveis, e aproveitou a jornada duplamente negra do Dortmund (derrota em Wolfsburgo acompanhada de lesão grave de Subotic) para se fixar a quatro pontos de distância dos perseguidores mais próximos. Uma distância que não é irrecuperável, mas que começa a desenhar a tendência de uma superioridade cada vez mais difícil de contestar.

O mesmo raciocínio pode ser aplicado à Liga francesa, onde o PSG, com Ibrahimovic em estado de graça (atenção Paulo Bento!) se distanciou de Lille (agora a quatro pontos) e Mónaco (a cinco). A diferença também não decide nada nesta altura, mas conjugada com a evidente quebra da equipa de Moutinho, que só tem uma vitória nos últimos cinco jogos, sugere que a equipa da capital começa a ter condições de embalar até final do ano.

Lippi, esse colecionador

Se Alemanha e França têm líderes mais desafogados depois deste fim de semana, já em Itália a Roma parece ter perdido o ritmo de passada: ao fim de dez vitórias consecutivas, a equipa da capital cedeu o segundo empate seguido, desta vez em casa, perante o modesto Sassuolo. Conclusão: a campeã Juventus, que venceu categoricamente o Nápoles, já só está a um ponto e começa a ameaçar o início de sonho dos homens de Rudi Garcia.

Nem só dos cinco grandes campeonatos se fez a história deste fim de semana. Na Rússia, por exemplo, a vitória do Spartak sobre o Zenit acentuou o equilíbrio no topo da tabela, num jogo em que Hulk voltou a falhar um penálti. Já na Turquia, o clássico de Istambul deu vantagem a Bruno Alves no duelo com Bruma, e permitiu ao Fenerbahçe consolidar a liderança, à custa de um Galatasaray cada vez mais longe dos primeiros postos. Na Grécia, o Olympiakos goleou o segundo classificado, aumentando para seis pontos a vantagem sobre a concorrência.

Fora da Europa, registo para nova vitória do Cruzeiro, que fica assim a apenas um triunfo da conquista do título brasileiro, quando ainda faltam cinco jornadas, e para o empate entre Newells e San Lorenzo, na Argentina, que mantém a incerteza sobre o vencedor do torneio Apertura, a quatro rondas do fim. Em África, o gradual regresso do futebol egípcio à normalidade competitiva foi sulinhado com nova conquista da Liga dos Campeões por parte do Al-Ahly, naquele que pode ter sido o último jogo do lendário Aboutreika. Já na Ásia, Marcello Lippi virou mais uma página num currículo invulgarmente preenchido, conquistando outro título continental, ao serviço do Guangzhou Evergrande. Bravissimo, maestro!