Daúto Faquirá não acredita em tradições, mas quer manter o registo cem por cento vitorioso do Olhanense no recinto do Rio Ave, em jogos para o principal campeonato português. O treinador da equipa algarvia falou ainda do objectivo do clube, que está limitado por questões financeiras, em ano de centenário. As limitações não impedem, no entanto, de se pensar em melhorar a última campanha.

«Eu não olho para tradições e superstições. Olho, sim, para o trabalho diário. O Rio Ave tem uma equipa forte e difícil no seu campo, e este ano, pelo que vi e li, mantém a ambição de lutar por um lugar europeu. O João Tomás fez uma imensidão de golos na última época e ainda está para as curvas. Tem uma equipa sólida e que mantém a mesma estrutura. Perderam o Bruno Gama mas foram buscar alguns miúdos ao F.C. Porto. É uma equipa que nos vai criar muitas dificuldades», antevê Faquirá.

O Olhanense venceu sempre em Vila do Conde em jogos para o campeonato. «Essas questões têm a importância que nós lhes quisermos atribuir: Só digo que é possível ganhar, tal como no ano passado. E para isso é fundamental como treinamos e trabalhamos. Se conseguirmos explanar isso, é possível que a tradição se mantenha. Se olharmos só para a tradição e não fizermos o que devemos fazer, e não corrermos, pelo menos o mesmo que a equipa do Rio Ave, não teremos tantas hipóteses de pontuar. Se o facto de termos vencido sempre em Vila do Conde for positivo para a mente dos jogadores, óptimo. Mas não acredito que isso aconteça, porque vai ser um jogo novo, com novos problemas que vão ser colocados por ambas as equipas.»

No último jogo, o Olhanense modificou um pouco a forma de jogar, alterando o habitual esquema em 4x3x3. «Uma equipa deve demonstrar contínuo crescimento. Este ano temos um leque de jogadores que nos permite flexibilizar a nossa forma de jogar, sem alterar o nosso modelo e princípios», disse Faquirá, prometendo um onze que «não andará muito longe daquele que jogou contra o V. Setúbal».

«Vamos emagrecer o plantel»

O treinador do Olhanense quer também diminuir o plantel, que conta com 27 jogadores (a que se juntam mais três juniores): «Temos mais jogadores do que eu desejava. Vamos ver se conseguimos emagrecer o plantel, porque assim torna-se difícil trabalhar. Se não for possível vamos trabalhar com todos e esperar pela reabertura do mercado:»

O emagrecimento do plantel poderá passar pelo ataque, com Dady e Yontcha a serem frequentemente associados à cobiça de outros clubes, nomeadamente estrangeiros: «O Dady encaixa bem naquilo que queremos para a equipa. Depois do tempo que esteve parado e da adaptação à equipa, tem estado muito bem. Mas também sei das dificuldades que o Olhanense tem e, se tiver que perder algum jogador por questões financeiras, tenho que estar preparado para isso. Não é por aí que vamos ficar mais fracos, pois se sair o A, o B estará sempre à espera da sua oportunidade.»



Em ano de centenário, o Olhanense não poderá pensar muito além da manutenção, até porque reduziu o orçamento. «Estar aqui a dizer que, por ser o ano de centenário do Olhanense, e tendo baixado o orçamento, iremos lutar por um lugar na Europa, isso é uma tremenda aberração e uma contradição. Não embarco nesses filmes. Na última época também era o centenário do V. Setúbal, fizeram uma equipa de sonho e iam descendo de divisão... Tenho um plantel bom, que foi escolhido por mim e pela direcção, com muito rigor e com condições para fazer um óptimo campeonato. Mas não jogamos sozinhos, há outras boas equipas. A Académica tem aparecido bem, o Vitória (Setúbal) e o P. Ferreira também têm uma boa equipa, isto para falar de alguns clubes que, tal como nós, lutam pelos mesmos objectivos. Vamos trilhar o nosso caminho e isto não confere minimamente falta de ambição ao meu discurso.»