A goleada é ilusão, mas serve perfeitamente. Portugal saiu do Chipre com uma vitória gorda, e continua na liderança do Grupo H da fase de apuramento para o Euro 2012. No desfecho de uma semana marcada pela renúncia de Ricardo Carvalho, também a inspiração desertou. A exibição foi bem mais fraca do que o resultado sugere, mas ocultada com um «sprint» final. Cristiano Ronaldo esteve em foco, com uma assistência e dois golos, que lhe permitem alcançar Nuno Gomes como quarto goleador da história da Selecção (29 golos).

Com o meio-campo a demorar alguns minutos para estabilizar, sobretudo pela fata de inspiração de Rúben Micael, só ao fim de um quarto de hora é que a equipa das quinas conseguiu instalar-se completamente no reduto adversário. Um domínio que, ainda assim, esteve muito tempo traduzido apenas em remates de fora da área. A excepção foi um lance em que João Pereira apareceu solto na área, mas permitiu a defesa de Giorgallides (13m).

Acabou por ser de grande penalidade que Portugal chegou à vantagem, quando estavam cumpridos 35 minutos. Um lance que, ainda para mais, ditou a expulsão de Dobrasinovic, por acumulação de amarelos. Chamado à conversão, Ronaldo não desperdiçou.

Assumindo que os três pontos dificilmente fugiam, Portugal arrastou a exibição apática para a segunda parte. Só um remate ao poste de Coentrão, aos 57 minutos, quebrou o marasmo que durou quase até ao fim. A jogar a passo, e com pouco ou nenhuma mobilidade, a equipa das quinas protagonizou até alguns momentos embaraços na defesa. Valeu que a equipa da casa, reduzida a dez elementos, se revelasse incapaz de criar perigo na frente. Ainda que um lance em que Okkas apareceu isolado, a doze minutos do fim, tenha sido mal anulado por fora-de-jogo.

O lance serviu de aviso para Portugal, que nos últimos sete minutos dedicou-se a ocultar uma exibição cinzenta, com Ronaldo como protagonista. O capitão festejou o segundo golo a sete minutos do fim, e depois assistiu Hugo Almeida (85m). O quarto golo foi também apontado por um jogador saído no banco, no caso Danny, já em período de compensação.

A vitória nunca esteve em causa, até pelas circunstâncias do jogo, mas a exibição não agradou certamente a Paulo Bento.