O Benfica foi a Istambul buscar um carimbo que valia sete milhões de euros: um carimbo debruado a ouro, portanto. Chegou, meteu-o no bolso e passeou-se sem pressas de estampar a autenticação no papel. Perdeu tanto tempo que perdeu também o carimbo.

No fundo, vamos ser sinceros, foi uma recuperação notável do Besiktas.

Só não foi histórica porque não é original: já aconteceu várias vezes e aconteceu, por exemplo, nesta mesma cidade de Istambul, na final da Liga dos Campeões de 2005.

O Milan chegou ao intervalo a vencer por 3-0, permitiu na segunda parte que o Liverpool fizesse três golos, deixou a decisão ir para penáltis e perdeu o jogo. Foi uma noite terrível para o gigante italiano.

Esta noite aconteceu precisamente a mesma coisa, e o Benfica não saiu de campo a sorrir.

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A primeira parte dos encarnados foi avassaladora. A equipa entrou bem no jogo e mandou logo uma bola ao poste, numa bomba de Eliseu. Depois disso marcou por Gonçalo Guedes, fez um golaço por Nelson Semedo e marcou o golo mais caricato por Fejsa.

Basicamente a jogada começou num cabeceamento de Mitrolgou à trave, na recarga o mesmo Mitroglou cabeceou... outra vez à trave, nova recarga e Salvio cabeceou... ao poste, até que na terceira recarga Fejsa rematou de pé direito para golo. Incrível.

Dava para tudo, portanto.

Sempre através de saídas rápidas para o ataque, que procurava acima de tudo explorar a profundidade que o adiantamento do Besiktas no campo fornecia, o Benfica foi construindo um resultado, e uma exibição, que parecia encaminhar a equipa para a vitória.

Na segunda parte, porém, tudo mudou. Começou a mudar, aliás, ainda no intervalo quando Senol Gunes fez duas substituições e aumentou a colocação de homens no ataque.

Por isso, e ainda antes da hora de jogo, Tosun fez um golaço, num pontapé acrobático. Ora Tosun, precisamente, que tinha entrado para o lugar do lateral direito.

Pouco antes, curiosamente, Mitroglou recebera uma bola de Salvio que o isolava na cara do guarda-redes, mas atirou a rasar o poste. O Benfica não fez o quarto golo e deu oxigénio ao Besiktas, que a partir daí foi muito mais forte, muito mais afirmativo.

Reduziu, como já se viu, por Tosun e voltou a reduzir numa asneira de Lindelof, que se fez a uma bola de olhos fechados e braços abertos, jogando a bola com a mão. Grande penalidade que Quaresma converteu, lançando sobre a equipa encarnada todas as dúvidas.

Nessa altura, de resto, o Benfica já apresentava óbvias dificuldades em travar o flanco esquerdo do Besiktas, para onde entrou Tosun e também viajou Quaresma.

Os encarnados não disfarçavam o cansaço de Nélson Semedo e Salvio, Rui Vitória não reforçou esse setor, o Besiktas continuou a carregar por aí e chegou ao empate, aos 89 minutos, por Aboubakar, que finalizou um cruzamento de letra de Quaresma.

Depois de Talisca na Luz, a formação turca fez ainda melhor em casa, voltando a chegar ao empate nos minutos finais, mas agora com uma recuperação mais épica.

O Benfica, esse, deixa tudo na mesma: agora precisa de vencer o Nápoles na Luz, na última jornada, para garantir o apuramento para os oitavos sem precisar de fazer contas.

Resta saber que peso pode ter na época este empate com sabor a derrota...