A ausência de um representante inglês nos quartos de final da Liga dos Campeões, pela primeira vez desde a temporada 1995/96, marca o fim de um ciclo de domínio das equipas da Premier League sobre a prova de clubes mais importante do panorama internacional. Quando os jogos da primeira mão arrancarem, nesta terça-feira, Chelsea, Man. United, Arsenal e Liverpool, todos eles finalistas na última década, vão ficar a ver de fora. E o país que liderou o ranking da UEFA desde 2008 tem já como certa a perda desse estatuto para a Espanha.

Veja o programa dos quartos de final

Sintoma da passagem de testemunho é o facto de os espanhóis terem três representantes (Real Madrid, Barcelona e Málaga) nesta fase da competição, algo que não conseguiam há precisamente dez anos, desde a temporada 2002/03. Nesse ano, apenas o Real Madrid, conseguiu passar às meias, ficando Barcelona e Valência pelo caminho. Essa seria, aliás, a temporada de glória do «calcio», que pôs os seus três clubes nas meias-finais e garantiu uma final cem por cento italiana, entre Milan e Juventus.

Daí para cá, mesmo com os títulos rigorosamente divididos nos últimos dez anos (Barcelona, Inglaterra e Itália, somaram três cada, com o F.C. Porto a furar o bloqueio em 2004) a Inglaterra assumiu-se como a maior potência europeia a nível de clubes. Os seus representantes totalizaram 22 presenças nos quartos-de-final (16 da Espanha), 15 meias-finais (contra 10 dos espanhóis) e principalmente oito idas à final, contra apenas três para Espanha e Itália.

O fim do ciclo inglês não muda uma evidência trazida pela última década: a de que o acesso aos quartos-de-final da Champions se tornou, na última década, uma proeza cada vez mais reservada aos quatro primeiros países do ranking. Espanha, Inglaterra, Alemanha e Itália somam 61 presenças num total de 80, cabendo a França (oito) e Portugal (quatro) o papel de jokers.

Até 1996/97, a fórmula da Liga dos Campeões tinha apenas um representante por país (mais o detentor do troféu), pelo que, por norma, os oitavos de final eram discutidos por equipas de sete ou oito países. Com a mudança de fórmula, na temporada seguinte, permitindo a inclusão de vários representantes das Ligas mais fortes, a presença de três ou mais equipas do mesmo país nos quartos-de-final tornou-se relativamente frequente: aconteceu por 12 vezes desde 1998. A Inglaterra foi o único país a ter quatro equipas nos quartos de final, e fê-lo em temporadas consecutivas.

Países com três equipas ou mais nos quartos de final da Champions

1997/98: Alemanha ( Dortmund, Bayern e Leverkusen)

Campeão: Real Madrid

1999/00: Espanha ( Real Madrid, Valencia e Barcelona)

Campeão: Real Madrid

2000/01: Espanha ( Real Madrid, Valencia e Corunha)

Campeão: Bayern

2001/02: Espanha ( Real Madrid, Barcelona e Corunha)

Campeão: Real Madrid

2002/03: Espanha ( Real Madrid, Barcelona e Valencia)

Campeão: Milan

2002/03: Itália ( Milan, Juventus e Inter)

Campeão: Milan

2004/05: Itália ( Milan, Juventus e Inter)

Campeão: Liverpool

2005/06: Itália ( Milan, Juventus e Inter)

Campeão: Barcelona

2006/07: Inglaterra ( Chelsea, Liverpoool e Man. United)

Campeão: Milan

2007/08: Inglaterra ( Man. United, Chelsea, Liverpool e Arsenal)

Campeão: Man. United

2008/09: Inglaterra ( Man. United, Chelsea, Arsenal e Liverpool)

Campeão: Barcelona

2010/11: Inglaterra ( Man. United, Chelsea e Tottenham)

Campeão: Barcelona

2012/13: Espanha (Real Madrid, Barcelona e Málaga)

A negro as equipas apuradas para as meias-finais.