A voz com que André Castro atende a chamada ainda reflete o choque. O médio português ficou profundamente abalado com a notícia da morte de Manolo Preciado, técnico com quem trabalhou no Sp. Gijón, e com o qual tinha uma relação de enorme cumplicidade.

«Foi ele que me deu a oportunidade de mostrar-me na melhor liga do mundo. Confiou sempre em mim. Era uma pessoa especial, que merecia que os jogadores dessem tudo por ele. Tratou-me como um filho desde o primeiro dia, mas era assim com todos. Ficará para sempre guardado no meu coração», diz o jogador ao Maisfutebol.

Manolo Preciado era uma figura muito apreciada no futebol espanhol, sobretudo pelo carisma, vincado pela forma como superou os golpes duros da vida. Em 2002 perdeu a mulher, vítima de cancro, e dois anos depois chorou a morte do filho mais novo, de quinze anos, na sequência de um acidente de moto. Há um ano ficou de luto pela morte do pai. «Mesmo assim era uma pessoa muito positiva. Dizia sempre que era preciso andar para a frente», recorda Castro.

A tragédia nunca o largou, no entanto. Preciado faleceu nesta quinta-feira, aos 54 anos, a poucas horas de ser apresentado como novo treinador do Villarreal. O futebol espanhol está em choque com a perda de uma pessoa muito respeitada.

«Talvez seja o dia mais triste da história do Sp. Gijón. Acredito que o estádio vá estar cheio de pessoas que se queiram despedir», acredita Castro. Preciado foi treinador dos «rojiblancos» durante quase seis anos. Um ciclo que terminou no passado mês de Janeiro, com muita emoção. «Nunca tinha visto um presidente a chorar por despedir o treinador. Fizeram uma conferência de imprensa, o que já não é normal, e o estádio encheu», acrescenta o jogador.

Em Portugal, o técnico espanhol ficou famoso por ter interrompido um longo ciclo de invencibilidade caseira de José Mourinho, com quem teve uma acesa discussão, que mais tarde deu lugar a uma relação de enorme respeito. O treinador do Real Madrid escreveu, de resto, uma carta a lamentar a morte do colega de profissão. «São pessoas que não guardam rancores, que não têm maldade, e resolveram bem o problema», afirma Castro.

Abalado pela morte de Manolo Preciado, André Castro sente ainda a mágoa de não estar no último adeus. O jogador luso recupera de uma intervenção cirúrgica ao nariz, e não pode viajar para Espanha.