De dispensável no início da época, a imprescindível na equipa de Nuno Espírito Santo: Yacine Brahimi não só ganhou a titularidade no onze do FC Porto, como se tornou na grande referência ofensiva e no principal municiador de ataque dos dragões.

Quando a luta pelo título entra numa fase decisiva, a má notícia surgiu para os dragões: o extremo argelino foi expulso no domingo diante do Sp. Braga, no banco de suplentes, por indicação do quarto árbitro Tiago Antunes, «por gestos ameaçadores e palavras impercetíveis».

Esta terça-feira foi castigado pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol com dois jogos de suspensão e não vai estar tanto na receção ao Feirense como na deslocação a Chaves.

A sua ausência faz diferença? Naturalmente. Basta atentar ao registo da equipa do FC Porto com e sem o seu n.º 8.

Brahimi jogou em 19 jornadas e falhou 10. Com o argelino, o FC Porto venceu 73,7 por cento dos jogos na Liga; na sua ausência a percentagem de sucesso foi de apenas 60 por cento.

Com ele: 14 vitórias e cinco empates. Sem ele: seis vitórias, três empates e uma derrota. A diferença, portanto, é substancial.

Montra, prateleira e palco

Brahimi teve um início de época indefinido: começou por estar na montra para ser vendido e como as propostas não foram substancialmente atrativas continuou na prateleira até à 5.ª jornada, quando se estreou na Liga 2016/17 ao jogar 56 minutos no empate a zeros em Tondela.

Voltou a falhar um jogo do FC Porto ao não sair do banco no Clássico do Dragão frente ao Benfica (1-1), na 10.ª jornada. No jogo seguinte, voltou a não sair do banco, em Chaves (deslocação que vai voltar a falhar), na eliminação do FC Porto da Taça de Portugal.

Esse foi o momento mais conturbado da época para Brahimi, que seria deixado de foram da lista por opção na jornada seguinte, em que o FC Porto teve novo nulo, desta vez fora contra o Belenenses.

Brahimi regressou à equipa na 12.ª jornada, frente ao Sp. Braga, e não voltou a sair. Pelo menos até ser convocado para a Campeonato de África das Nações. Enquanto esteve ao serviço da Argélia falhou apenas três jornadas: Paços de Ferreira (0-0), Moreirense (3-0) e Rio Ave (4-2).

Desde que regressou da seleção, não ser utilizado apenas mais uma vez, na jornada 22 na goleada ao Tondela (4-0).

No entanto, desde meados da época até este momento decisivo em que o FC Porto passou a lutar pelo título o argelino voltou a ser um artista em palco, como um dos jogadores mais determinantes da Liga: fez cinco golos e quatro assistências em 1180 minutos no campeonato.

Porém, mais do que números, ele foi determinante na subida de nível do jogo portista.

O que cria agora um problema a Nuno esta baixa de peso em duas jornadas seguidas numa fase determinante da época: Otávio ou Diogo Jota podem surgir no onze, recuperando um lugar que foi seu à vez na ausência do argelino.

Brahimi vai falhar dois jogos importantes, frente ao Feirense já no próximo domingo e na jornada seguinte na complicada deslocação a Chaves.

Em termos de promoção do espetáculo, o FC Porto já contra-atacou e usou a imagem de Brahimi para convocar os adeptos para a receção ao Feirense.