É um nómada do futebol. Um autêntico globetrotter com a bola colada nos pés e o mapa seguro nas mãos. Tão depressa está num sítio como é capaz de escolher o outro extremo do mundo para ganhar a vida em benefício da própria família. É o argumento de Cassiano, médio brasileiro do Penafiel, um jogador que conhece o planeta como poucos. Já jogou em nove países diferentes. No Brasil, em Espanha, na Rússia, na Suíça, no México, no Uruguai, na Coreia do Sul e nos Emirados Árabes Unidos. Portugal é o seu mais recente destino. Fala inglês, domina o espanhol e faz-se entender em russo. Sem problemas. Mas de certeza que não vai ficar por aqui...
É preciso recuar até 1997, quando tinha 21 anos. Cassiano jogava no Palmeiras quando surgiu o primeiro convite para emigrar. «Apareceu o Logrõnes e aceitei. Não tenho medo de desafios», explica ao Maisfutebol. Esse é o seu lema. Fez as malas e partiu para Espanha, onde tomou o pulso a uma realidade bem diferente: «Foi o meu primeiro contacto com a Europa. O futebol é muito táctico e aprendemos a ser mais profissionais». A experiência foi boa. Conheceu a esposa que o tem acompanhado nesta aventura e nunca mais parou de desafiar a vida. «O dinheiro que ganho no futebol é investido em casas e em terrenos, nunca em automóveis», explica por entre sorrisos.
De Espanha, regressou ao Brasil depois de uma lesão. Em 1999, defendeu as cores do São Paulo, mas depressa fez as malas em direcção à Rússia: «Confesso que pensei no lado económico». Admite-o sem rodeios. Em 2000, jogou no Urlan e sentiu na pele os contrastes de um país diferente. «Trabalha-se muito para ganhar o nosso pão. Éramos cinco brasileiros e três não aguentaram. Vieram embora». Mas Cassiano ficou. Ficou e sujeitou-se a métodos de treino pouco ortodoxos: «No dia do jogo, um treinador colocou-nos a subir a encosta de uma serra. Nem queríamos acreditar! Dentro do campo nem nos podíamos mexer de cansaço».
Recusou oferta de Israel...
Não ficou por aqui. Em 2001, traçou como destino a Suíça para a sua terceira aventura no Velho Continente: «A Suíça é o ponto de partida de muitos jogadores na Europa. Está no centro, a localização é boa, é um país onde os futebolistas são observados. Apostei nisso para ser conhecido». Mas os planos saíram gorados. Lesionou-se e só fez três jogos pelo Aarau. Resolveu partir em outra direcção. Aceitou jogar no Toros Naza, do México. «É um país com grande calor humano. Liderámos o campeonato. Tinha muito cuidado com a alimentação, porque a comida é muito picante. Não é brincadeira!»
Tudo corria às mil maravilhas. Teve uma proposta para jogar em Israel, onde iria ganhar o dobro, mas recusou-a. O aceno do Nacional de Montevideu, do Uruguai, em 2002, falou mais alto: «Precisava de jogar num clube grande». Assim, foi. Vestiu a camisola de um dos emblemas mais respeitados na América do Sul: «Fui campeão nacional e fiz golos importantes. Guardo o povo uruguaio no coração. As pessoas são sinceras, sabem receber e são muito humildes. É com essa garra e com o coração que eles superam as adversidades. Foi assim que ganharam uma Copa do Mundo ao Brasil». Mas a aventura não terminou por aqui. No ano seguinte, Cassiano optou por outras paragens...
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