Cinco meses antes de avançar com a ação contra o Sporting, Bruma e Cátio Baldé, empresário, transferiram 10 por cento dos direitos económicos e 100 por cento dos direitos de imagem do jogador para a sociedade Gol Football Luxembrug, que será controlada pelo empresário Pinhas Zahavi, por um milhão de euros, revelou o clube leonino nas alegações que fez na Comissão Arbitral Paritária.

Esta operação aconteceu a 10 de fevereiro de 2013. O contrato foi levado ao processo pelo Sporting. Nesse documento as partes declararam que o acordo estava dependente de o jogador não ter assinado outros documentos e/ou contratos depois de fazer 18 anos e também qualquer documento e/ou contrato para qualquer época após 2013/14.

A CAP retirou duas conclusões desta cláusula. Por um lado, era o reconhecimento, por parte de Bruma e de Cátio Baldé , da existência de um contrato com o Sporting válido até 2013/14. Por outro, isso significada que não se sentiam pressionados pela cláusula penal de rescisão do contrato-promessa. Um dos argumentos utilizados para tenta a nulidade da relação com o Sporting.

A partir de 11 de Fevereiro passava a ser Zahavi a representar Bruma.

A relação entre o jogador e o Sporting começou a 26 de Maio de 2008, de acordo com a versão apresentada pelo clube. Bruma tinha 13 anos, foi inscrito como jogador amador na época 2008-09 e ficou a viver na Academia, em Alcochete.

A 26 de Novembro de 2008, as partes assinaram novo compromisso. Bruma receberia mais se celebrasse o primeiro contrato de trabalho desportivo, se chegasse à equipa principal e aí fizesse determinado número de jogos. Além disso, o Sporting cedia a Bruma 5 por cento do valor de eventual transferência. Nesse mesmo dia, a mãe do jogador e Bruma passaram esse crédito a Cátio Baldé.

Mais de um ano depois, a 4 de dezembro de 2009, Cátio Baldé celebrou um contrato com o Sporting e passou a ser credor de determinados valores indexados à evolução da carreira de Bruma, relatou o clube de Alvalade nas alegações entregues na CAP.

Apenas dois meses depois, a 5 de Fevereiro, a mãe, Cátio Baldé e Bruna reuniram-se com representantes do Chelsea. Acabam por decidir manter o jogador Alcochete. A reunião é contada ao Sporting. As partes assinam então, em outubro de 2010, o primeiro contrato de trabalho, válido de 1 de Novembro de 2010 a 30 de junho de 2013. Mais o contrato-promessa onde se comprometem a assinar novo contrato para 2013/14. O documento que esteve no centro do caso. Como prémio de assinatura, 58 mil euros.

Por essa altura, Cátio Baldé celebra também um contrato com o Sporting. Diz o clube que o empresário terá direito a receber montantes não especificados, além de 10 por cento em caso de futura transferência.

Em agosto de 2011 é assinado o contrato até 2013/14.

Fica combinado que Bruma receberá retribuição anual ilíquida de 60 mil euros. Se fosse integrado na equipa principal, e jogasse pelo menos três jogos na Liga, passaria a ter direito à remuneração anual ilíquida de 75 mil euros, 100 mil euros ou 125 mil euros, consoante se tratasse da primeira, segunda ou terceira épocas desportivas. Além do aumento da remuneração, receberia ainda prémios se fosse inscrito na equipa principal e participasse em determinado número de jogos. Em caso de ser o jogador a «rescindir ilicitamente» ficaria obrigado, no âmbito jurídico-laboral, a pagar ao Sporting uma indemnização correspondente ao valor das remunerações que haveria de receber até final do contrato rescindido, ficando a sua inscrição dependente, no âmbito jurídico desportivo do pagamento do montante de 30 milhões de euros, correspondente à valorização dos direitos de participação desportiva do jogador.

O ciclo fecha-se a 11 de Fevereiro, quando o Sporting fica a saber que Cátio Baldé e Bruma cederam os direitos a Pinhas Zahavi.