Bruno Gama, jogador cedido pelo F.C. Porto ao V. Setúbal, é o convidado semanal da entrevista Maisfutebol/Rádio Clube Português. O extremo de 21 anos fala de uma carreira profissional iniciada em 2004, então com 16 anos:
O Bruno esteve na equipa B do F.C. Porto com vários jogadores que seguiram trajectos distintos. Sente que há uma altura, na transição para o profissionalismo, em que os jovem acabam por correr o risco de se perderem?
«Essa fase de júnior para sénior é crucial. Sente-se muita diferença entre os dois escalões. Existem muitos jogadores, até com mais qualidade dos que chegam ao topo, que acabam por ficar pelo caminho.»
Os jogadores mais novos sentem dificuldades em passar a lidar com o assédio, seja de raparigas, seja até da imprensa, em ter de lidar com mais dinheiro? Existem muitas tentações?
«Sim, concordo que isso é uma grande dificuldades. Quando os jogadores são mais novos, esses assuntos mexem bastante. É preciso ter maturidade emocional elevada para um jogador não se perder nesses momentos, que mexem com a cabeça dos jogadores. Alguns acabam mesmo por perder-se.»
Quem o conhece bem, diz que a sua principal qualidade é a inteligência, mas ainda poderá melhorar no capítulo da velocidade. Concorda?
«Concordo. Ainda posso aperfeiçoar a velocidade, mesmo sabendo que isso já nasce com um jogador. Posso ser mais potente no arranque, gostava de melhorar nesse aspecto, porque é importante. Quanto à virtude, também estou de acordo, não sei é se é exagerada ou não (ndr. risos). Tento sempre tomar atitudes correctas, mas isso nem sempre acontece»
Em termos de selecções, foi campeão da Europa de sub-17, em 2003, depois esteve no Mundial de sub-20. Espera chegar à selecção principal?
«Gostava de representar a selecção AA, queria dar continuidade a esse trajecto, desde os sub-16 até aos sub-21. É um sonho e vou fazer tudo para chegar lá.»
Nesse Mundial de sub-20, em 2007, destacou-se na fase de grupos e chegou a merecer grandes elogios da FIFA, que o chamou de novo Luís Figo. Depois lesionou-se. Foi mais uma oportunidade perdida?

«As coisas estavam a correr-me bem, era um Mundial de sub-20, uma altura importante, mas tive a infelicidade de me lesionar, mas consegui ultrapassar isso e aqui estou eu de novo para tentar afirmar-me definitivamente, para chegar ao F.C. Porto. Fico bastante feliz por ter sido comparado ao Figo, isso tem sempre algum peso, devido ao estatuto com ele tem, mas um jogador tem de saber lidar com isso. Não há jogadores iguais.»
Quem é o seu ídolo no futebol?
«O meu ídolo, neste momento, é o Messi.»
Disse que preferiu não sair para o Chelsea por ser demasiado novo. E nesta altura, já estaria disposto a jogar no estrangeiro?
«Neste momento, penso que já tenho maturidade para jogar no estrangeiro. Gostaria de, um dia, jogar noutro campeonato. Gosto muito dos campeonatos inglês e espanhol.»
Vindo do Norte para o Sul, o que sente mais falta?
«A família, os amigos, claro. E também a comida. No Norte, é mais caseira. Em Lisboa está mais movimentado, às vezes claro que sinto falta do sossego, da calma. Sobretudo por causa do trânsito!»