O governo brasileiro vai criar leis para travar a saída de atletas com menos de 18 anos para os grandes clubes europeus ou de países árabes, como o Qatar.

Em entrevista ao «Estadão», o ministro brasileiro dos Desportos, Aldo Rebelo, revelou que governo promete anunciar critérios que vão tirar qualquer incentivo financeiro a quem levar o jogador antes que cumpra 18 anos. «Os clubes europeus estão a fazer uma espécie de mineração no Brasil. O problema é que deitam o cascalho fora e depois ficam só com os diamantes», acusou o ministro e deu um exemplo: «Se o Neymar fosse com 8 ou 10 anos para a Europa, não custaria nada aos clubes europeus».

O ministro já comunicou esta posição do Brasil ao presidente da FIFA, Joseph Blatter, num reunião que decorreu esta semana. Dados da FIFA indicam que mais de cem atletas brasileiros menores saíram do país em 2011, legalmente, cumprindo alguns critérios que visam defender esses jogadores. Mas a suspeita é de que este número seja apenas a ponta do icebergue e que o exército de jovens que partiram em busca de sucesso e fortuna, em condições precárias seja bem maior.

Por isso o Brasil quer impor aos clubes estrangeiros, agentes da FIFA e empresários determinadas exigências para que a transferência seja autorizada. Entre esses critérios estarão condições sociais, garantias para a família, proteção ao atleta no país de acolhimento, e responsabilidade jurídica da parte do empresário para garantir que os menores que acabem por não ser contratado não sejam abandonados.

O protocolo será apresentado às autoridades jurídicas e desportivas brasileiras, assim como ao CBF e à FIFA, para que possa entrar em vigor ainda neste ano.