Estátua viva, avançado lendário, ídolo de toda a Polónia: Zbigniew Boniek, Il Bello di Notte. Embaixador do Euro2012, figura imortalizada por um futebol astuto, vivo, e pela parceria formada com Michel Platini na Juventus na década de 80.

Boniek estranha o contato de um jornalista português. É normal. Falar de Boniek é falar, por exemplo, da triste final da Taça das Taças de 1985 e no escandaloso Mundial de Saltillo. Duas narrativas negras do futebol lusitano.

O histórico polaco fez um dos golos da Vecchia Signora ao F.C. Porto (2-1) em Basileia e esteve diretamente ligado ao golo de Smolarek no Polónia-Portugal, do México86.

«Portugal agora é muito mais forte», atira, apressado, ao Maisfutebol. «Digo-lhe uma coisa: aposto tudo no Cristiano Ronaldo. Em 1986 vocês tinham uma equipa desequilibrada, sem uma grande estrela. Desta vez, acredito que podem brilhar».

«A Polónia está preparada para o Europeu»

Radicado em Itália, Boniek fala como jogava: desconfiado do que o rodeia. Mesmo sobre a seleção da Polónia as ideias são genéricas. Uma seleção longe do patamar qualitativo de outra que Boniek integrou: terceiro lugar no Mundial de 1982.

Questionado sobre a previsível falta de um talento da sua dimensão, ou da dimensão de Gregori Lato, Boniek refugia-se na necessidade de encontrar outras respostas.

«A seleção polaca tem, acima de tudo, de ser um bloco sólido. Uma verdadeira equipa. Acredito que pode passar aos quartos-de-final», sublinha ao nosso jornal.

Boniek acredita na sua seleção e na organização do Europeu. «Por aquilo que vejo e leio, a Polónia está completamente preparada. Podem visitar o meu país à vontade. É um país seguro, de gente simpática e acolhedora.»

«De dia também fazia estragos»

Se recuar à primeira linha, reparará na alcunha de Boniek: Il bello di notte. Qualquer coisa como O Belo da Noite. A explicação para a designação é simples. O antigo avançado tinha um apetite predatório nos jogos noturnos.

Foi Henry Kissinger, curiosamente, a escolher este epíteto. O cientista político e Nobel da Paz em 1973 encontrou-se com a comitiva da Juventus em Nova Iorque, ouviu as várias histórias que rodeavam o talento de Boniek e saiu-se com esse nome. Ficou até hoje.

Na despedida, tentámos perceber se era mesmo à noite que Boniek atingia dimensões mágicas. «Criou-se essa ideia. Não lhe sei responder. Apenas lhe digo que também fiz muitos estragos de dia».

Zibi Boniek, figura-maior do futebol polaco e desmancha-prazeres dos portugueses na década de 80.

POLÓNIA-PORTUGAL, 1-0 (7 de junho de 1986):

POLÓNIA: Mlynarczyk; Ostrowski, Wójcicki, Majewski e Pawlak; Matysik, Komornicki (Karas, 57), Urban e Dziekanowski; Boniek e Smolarek (Zgutczynski).

Selecionador: Antoni Piechniczek

PORTUGAL: Vítor Damas; Álvaro, Frederico, Oliveira e Inácio; André (Jaime Magalhães, 72), Jaime Pacheco, Sousa e Carlos Manuel; Diamantino e Fernando Gomes (Paulo Futre, 46).

Selecionador: José Torres

Golo: Smolarek (68)



O golo no Polónia-Portugal de 1986:



Tributo a Boniek: