O futebol do Benfica continua sôfrego, confuso. Como se estivesse no meio de uma multidão sem encontrar o caminho. O tempo aperta e continua a parecer que Jorge Jesus precisa de emagrecer o plantel para começar a trabalhar com qualidade em vez de quantidade, assentar um onze e partir para a luta. Se à frente da baliza há razões para menos certezas, à frente ouve-se demasiado ruído para que passe a mensagem. Pelo menos, a julgar pela exibição, que, a bem da equipa, melhorou um pouco no segundo tempo. E com isso chegou o golo do triunfo (1-0).

Na primeira parte do jogo de apresentação, frente ao Toulouse, Jesus quis ver mais de Urreta, Nolito e Bruno César e encaixou-os aos três num onze, que ganhou ainda o reforço Emerson, contratado ao Lille. Se o ataque dos encarnados viveu da força de vontade do espanhol, o recuo sistemático do brasileiro (colocado na posição de Saviola) para zonas mais recuadas colidiu com as movimentações de Aimar e com Matic, que também gosta de levar a bola e sair da posição 6.

Lá atrás, perante pouco atrevimento gaulês, a defesa, com Javi outra vez a central, André Almeida na direita e Emerson a reforçar finalmente o lado esquerdo, mostrou-se mais compacta. Um único erro, numa defesa difícil mas mal direccionada de Artur, deu aos franceses a única oportunidade em 45 minutos.

Os primeiros momentos até prometiam mais. Nolito queria roubar todas as bolas e, apesar de algumas precipitações, continuava a mostrar que a sua intensidade pode ser útil ao Benfica. Enquanto houve um Urreta mais objectivo, o Toulouse teve também problemas, com três ou quatro defesas apertadas de Ahmada, mas depois reequilibrou-se e os jogadores do Benfica bloquearam mentalmente. Bruno César, que somou acções desastradas com intervenções infelizes, pareceu uma peça do puzzle que não encaixa por mais voltas que se dê.

Mais tango, por favor!

No segundo tempo, sete alterações. Entraram Witsel, Jara, Saviola, Garay, Eduardo, Enzo Pérez e Gaitán, saíram Artur, Aimar, Cardozo, Nolito, Urreta, Bruno César e Fábio Faria. Apesar de parecer um onze mais equilibrado, o Benfica demorou a crescer para cima do Toulouse.

No entanto, um livre de Gaitán, aos 55 minutos, e um remate de Enzo Pérez, aos 58, deram o mote para uma última meia-hora ligeiramente mais interessante. Os encarnados subiram uns furos, agora ainda mais argentinos, e viram-se pormenores de Gaitán, Enzo e Jara. Também Garay provou ser arma no jogo aéreo e acertou no poste, num canto aos 67 minutos.

Pelo meio, Jesus ainda fez entrar Nuno Coelho para lateral-direito e a chamada de Jardel devolveu Javi García à posição de trinco, por troca com Matic. O ritmo foi-se intensificando com o aproximar do final da partida e nova boa jogada apareceu aos 81 minutos, com Enzo Pérez a descobrir Saviola com um passe atrasado. O remate do compatriota obrigou Ahmada a defender com dificuldade.

Por fim, Jardel!

A defesa voltou a ter novo sobressalto aos 83, mas Pentecote não teve talento para estragar a festa do Benfica (83), que teria o seu apogeu aos 88 minutos no confuso golo de Jardel. A defesa manteve-se firme até final e conseguiu finalmente o primeiro jogo em muitos sem sofrer golos. E isso tem de significar algo também.

BENFICA - Artur (Eduardo, 46); André Almeida (Nuno Coelho, 68), Javi García, Fábio Faria (Garay, 46) e Emerson; Matic (Jardel, 68); Urreta (Enzo Pérez, 46), Aimar (Witsel, 46) e Nolito (Gaitán, 46); Bruno César (Saviola, 46) e Cardozo (Jara, 46) (Mora, 80)

TOULOUSE - Ahmada; Congre, Fofana (Akpro, 81), Abdennour e MBengue; Devaux e Firmin (Sirieix, 69); Braaten, Sissoko e Tabanou (Paulo Machado, 65); Bulut (Pentecote, 69)