Alheios aos ecos da Marinha Grande, tal como prometera Ulisses Morais, os jogadores do Beira Mar «despacharam» este domingo um Paços de Ferreira ineficaz, e ficaram a um único ponto de festejar matematicamente a manutenção.

Seguros, determinados, quase obstinados, os aveirenses aguentaram duas expulsões - os «castores» também tiveram uma - e mereceram por completo o triunfo.

A certa altura, quando Joãozinho, perto do final, teve de ser assistido, o Beira Mar chegou a estar a jogar com oito jogadores, tantos quanto a U. Leiria conseguiu apresentar, mas já «descansava» à sombra do 2-0.

Graças aos golos de Artur, de grande penalidade, e Balboa, com um gesto de classe, os beira-marenses passaram a ter tantos pontos (29) quanto o adversário, justamente, que bateram este domingo.

Agora, ficam a aguardar pelo desfecho do Sporting-Académica desta segunda-feira, tal como os pacenses, e, se os estudantes perderem, a festa é conseguida no conforto do lar....

Recorde o AO MINUTO do jogo

Confira a FICHA e as NOTAS dos jogadores

O jogo demorou a aquecer. Como que solidários com os colegas da U. Leiria, os jogadores pouco fizeram por acelerar e tudo se fazia em ritmo pachorrento e elevada previsibilidade. O fim do pacto de não-agressão surgiu com o primeiro caso da partida, numa grande penalidade que Artur haveria de converter na abertura do marcador.

Os «castores» tentaram reagir, mas, lá está, faltava acutilância ofensiva aos comandados de Henrique Calisto. Dois ou três remates, quase sempre por Michel, serviram para testar a atenção de Rui Rego. No resto, tudo igual. E os donos da casa até estiveram mais perto do 2-0.

Vítor acendeu o rastilho

Estava o jogo em ritmo brando quando uma entrada de Vítor Emanuel, tão surpreendente como violenta, sobre Artur fez Cosme Machado ir ao bolso para puxar do cartão vermelho. A reação imediata do banco pacense, em especial de Henrique Calisto, precipitou também a saída do técnico do jogo, em protesto contra a decisão de arbitragem.

O rastilho estava definitivamente acesso e o fogo acabou por alastrar ao adversário. Decisão correta ou questionável do árbitro, a verdade é que também o Beira Mar ficou reduzido a 10, ao cair do pano, devido à expulsão de Zhang. O chinês, curiosamente de regresso após cumprir um jogo de suspensão, envolveu-se numa picardia com Cohene e foi para a rua.

Feitos os necessários reajustes táticos de parte a parte, o jogo voltou a entrar no marasmo. Que servia mais os interesses aveirenses, que seguravam a vantagem, mas penalizava um Paços mais afoito, porém sem discernimento para desarmar a sólida defesa da casa.

Pelo contrário, os espaços concedidos atrás, deram azo ao contra-ataque aurinegro e, num dos melhores lances dos pupilos de Ulisses Morais, Nildo assiste Balboa e o avançado, isolado, consegue contornar António Filipe com classe para o 2-0. Era a devolução da cortesia do jogo com a Académica, em que o guineense dera dois golos a marcar ao brasileiro.

O natural de Petrolina não iria, todavia, terminar o jogo. Uma entrada mais brusca valeu-lhe o segundo amarelo (terceira expulsão de Cosme Machado na partida!) e o esquerdino teve direito a férias antecipadas. Foi pena. Já não viu o colega Balboa falhar o terceiro, com mérito para António Filipe.

O Paços passou o último quarto-de-hora em cima do adversário, mas já era tarde.