O sucesso desportivo e um estilo de vida no Chipre, bem parecido com a realidade portuguesa, apagam rapidamente as dificuldades sentidas na adaptação a um novo país, a outro tipo de futebol. Depois de uma experiência na Holanda, ao serviço do RKC Waaljick, a segunda incursão pelo estrangeiro tem sido bem mais feliz. «Tive mais dificuldades quando passei pela Holanda do que por aqui. O Chipre é mais parecido com Portugal», começa por dizer Vasconcelos, ao Maisfutebol.
Bernardo Vasconcelos chegou no início da época passada, para ajudar o APOP a subir à primeira divisão cipriota. «O clube tem quatro anos e foi sempre subindo de divisão até à primeira. Agora, estamos em quinto lugar. Como o clube é recente, é qualquer que há algumas dificuldades de organização, mas nada de especial», considera o jogador.
Em Outubro, o insólito aconteceu no jogo entre o APOP e o Alki Larnaca. O APOP Kinyras Peyias apresentou o seu equipamento habitual, mas cedo se percebeu que a vestimenta do guarda-redes adversário era exactamente igual, em tons de amarelo e azul. O APOP jogava em casa e tinha a responsabilidade de mudar o equipamento, mas seria mais fácil pedir a Adam Vezer para fazer o favor.
«Ele não quis mudar, o árbitro não se quis comprometer e, por causa disso, acabámos por jogar com uma camisola de saída, aquela com que vimos para os jogos, e aplicar os números nas camisolas com um marcador», explicou Paulo Sousa, companheiro de equipa de Bernardo Vasconcelos, na altura. «Esse foi um episódio caricato mas isolado, foi a única vez que tive um problema do género», explicou o avançado.
Bernardo Vasconcelos assiste com satisfação à entrada sucessiva de jogadores portugueses no país, admitindo que essa realidade provoca alguma cisão com os atletas cipriotas: «Acaba por ser natural, é como acontece em Portugal com o número de jogadores brasileiros. Na nossa equipa, tivemos problemas com dois jogadores cipriotas, que se foram embora depois de se terem queixado, mas de resto tudo bem.»
Aos 28 anos, depois de passagens por Torreense, Alverca, U. Leiria ou Estoril, o ponta-de-lança começa a habituar-se a uma ideia. O reconhecimento é maior no estrangeiro que no seu próprio país. «Renovei há dois meses e meio com o APOP, por mais três anos, e não pretendo voltar a jogar em Portugal. Infelizmente, no meu país não tive boas experiências nos últimos anos, enquanto aqui sucede o contrário», desabafa o jogador, garantindo que se habituou a conduzir pela esquerda, como acontece no Chipre, em apenas «uma hora».
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