Carlos Calado, medalha de bronze no salto em comprimento dos Mundiais de Atletismo de 2001, não vai poder competir por outro país nos Jogos Olímpicos de Atenas. O atleta português, actualmente envolvido num diferendo com a federação da modalidade, pediu a desvinculação do Comité Olímpico de Portugal (COP), mas o processo não tem pernas para andar.
O secretário-geral do COP, Vítor Fonseca da Mota, confirmou ao Maisfutebol a entrada do processo, mas garantiu que a resposta será negativa. «Isso é um perfeito disparate», começou por dizer o responsável. «Vai contra toda a ética de todos os Comités Olímpicos. Nenhum atleta que tenha menos de três anos de nacionalidade pode representar o país e, mesmo nos outros casos, é necessária uma autorização especial», realça Vítor Fonseca da Mota.
As leis impostas pelo Comité Olímpico Internacional nesta matéria são bastante rígidas. E, em Portugal, a mudança não é mais fácil. Quem quiser competir com a camisola das quinas nos Jogos Olímpicos tem de ter a nacionalidade portuguesa há seis anos e conhecer bem a língua. «Somos muito estritos na concessão da nacionalidade», esclarece Vítor Fonseca da Mota, referindo o caso português como um exemplo do rigor que é obrigatório nestas situações.
A este propósito, o secretário-geral do COP chega a referir vários pedidos de atletas para representarem Portugal, principalmente tendo em vista os Jogos Olímpicos de Inverno. «Nós não temos neve, mas já tivemos atletas canadianos e muitos outros que nos enviam vídeos a pedir para participarem nos Jogos de Inverno com a nacionalidade portuguesa. Temos cá várias cassetes», conta Vítor Fonseca da Mota.
Claro que há casos que tiveram resposta positiva. Francis Obikwelu, o velocista nigeriano que em 2001 adoptou a nacionalidade portuguesa, é um exemplo disso, mas o responsável do COP fala do caso como uma demonstração de que estas mudanças exigem uma série de requisitos. «Ele tinha feito toda a carreira cá, mas, mesmo assim, teve de ser pedida uma autorização à federação nigeriana», lembra.
Quanto ao caso específico de Carlos Calado, Vítor Fonseca da Mota garante que as pretensões do atleta não vão levar a lado nenhum. Calado deverá ser informado disso mesmo nos próximos dias.