A diáspora do futebol português leva jogadores a quase todos os países Europeus. A Ucrânia, que vai acolher a estreia do Sp. Braga nos quartos-de-final de uma prova europeia, não é excepção. No Metalurg Donetsk alinham logo três: Ricardo Fernandes (campeão europeu pelo F.C. Porto), Mário Sérgio (ex-Sporting) e China (ex-Naval).

O Maisfutebol conversou com o ex-figueirense. Três anos na segunda maior cidade ucraniana dão-lhe a competência necessária para avaliar o rival do Sp. Braga nesta quinta-feira. Entre vários alertas e oportunidades, fica uma certeza: não é, de todo, uma missão impossível.

«O Dínamo é uma equipa muito coesa, que defende bem e tem um meio campo muito forte. São fortíssimos nas bolas paradas. O Braga terá de ter isso em atenção. Saem rapidamente para o ataque, muitas vezes pelo extremo-esquerdo, o Yarmolenko. E depois têm o Shevchenko na frente. Apesar da idade ainda é um matador. Criam poucas oportunidades de golo, mas são muito eficazes», alerta.

Ao contrários de outras lides, o potencial da equipa da capital será quase o único entrave ao sucesso minhoto. Noutra altura, o clima, por exemplo, seria outro aspecto a ter em conta. «Se fosse há um mês seria bem pior. Agora a temperatura ronda os 10 graus. Nada de especial», diz China.

«Ambiente é bom,não pensem que é a Grécia»

Quando as equipas portuguesas se deslocam ao leste é usual as referências aos infernais climas em torno do jogo, criado pelos fervorosos adeptos locais. Na Ucrânia também se vive intensamente o futebol, mas não há exageros, diz quem já pisou várias vezes o palco que vai acolher os homens de Domingos Paciência.

«O ambiente é o normal de uma grande equipa, mas nada de extraordinário. Os adeptos são ruidosos e, claro, puxam pela equipa, mas nada que se compare àqueles ambientes que se vêem na Grécia, por exemplo», explica.

China espera que o Sp. Braga «explore o contra-ataque», para testar a «lentidão» no centro da defesa do Dínamo. Até porque será vital conseguir um bom resultado.

«O jogo de Kiev vai ser a chave da eliminatória. O Dínamo é muito mais forte a jogar em casa do que fora», lembra. O Manchester City, vítima na última ronda, provou precisamente desse veneno, com uma derrota por 2-0 na Ucrânia que se tornou irrecuperável em terras britânicas.

«Se o Sp. Braga levar uma vitória para Portugal ou mesmo se marcar e o resultado for equilibrado, tem tudo para seguir em frente. Não estou a ver o Dínamo a dar a volta à eliminatória em Braga», opina.

«Dínamo está um patamar abaixo do Shakhtar»

Depois de visitar Donetsk na Liga dos Campeões, para enfrentar o Shakhtar, os «arsenalistas» vão conhecer Kiev. No campo futebolístico, China acredita que será uma missão menos exigente.

«O Dínamo não é tão forte como o Shakhtar. Está um patamar abaixo. Mas tem muita experiência, o que pode fazer a diferença. Para mim é uma eliminatória de 50/50. Se o Braga deixar a eliminatória em aberto em Kiev, ficará com tudo para seguir em frente», reforçou.

Tudo para continuar a levar longe o nome da equipa e aumentar um pecúlio ainda curto nas provas europeias, mas que vem crescendo com o brilharete na actual temporada. À Ucrânia já chegaram, naturalmente, esses ecos.

«Aqui o Braga ainda não é muito conhecido. Mas ficaram mais famosos depois dos jogos com o Shakhtar. A ideia que têm as pessoas com quem tenho falado, amigos e os meus companheiros, é a de uma boa equipa, com várias opções e muito forte no ataque», explicou.