Em finais dos anos 40 não era fácil a qualquer clube conseguir 7500 contos para construir um estádio e por isso o F.C. Porto teve de contar com a imaginação e com a ajuda dos seus adeptos para iniciar e realizar as obras. O clube tinha, em 1950, cerca de oito mil sócios e dívidas na ordem dos 700 contos.
Para tornar o sonho realizado foram lançadas iniciativas dirigidas aos sócios»: a «Campanha do golo», a campanha «Quando todos ajudam nada custa» e o «Cortejo dos Materiais». A primeira pedra foi colocada a 5 de Dezembro de 1950. Tijolo a tijolo, a obra foi crescendo, notando-se, de mês para mês, significativos avanços. Em Junho de 1951, foi mais uma vez o apoio de um associado que permitiu dar mais um passo importante: Alípio Soares Dias, juntamente com os seus irmãos António e Guilherme, ofereceu a relva, que seria semeada nesse mesmo mês.
Menos de um ano depois, a obra que tantas gerações sonharam estava finalmente feita. O Estádio das Antas foi um marco importantíssimo na história do clube. Assistiu a momentos de glória, à morte de Pavão e foi sempre um palco de muitas emoções. A maior enchente aconteceu a 10 de Fevereiro de 1980: 59327 pessoas assistiram à recepção ao Benfica. Com a colocação de cadeiras, a lotação desceu para 50 mil lugares.
Na sua longa vida o estádio não parou de crescer: teve uma pista de cinza, uma pista de ciclismo e em 1962 passaria a ter iluminação artificial; 14 anos depois seria construída a Bancada da Maratona. Funcionando como o «coração» do clube, o complexo desportivo das Antas aglutinava também as chamadas modalidades amadoras e incluía piscinas e dois pavilhões gimno-desportivos. Neste espaço funcionavam também a sede e o museu.
O ano de 1986 traria mais uma obra grandiosa: ficaram concluídos os trabalhos de rebaixamento do estádio e que obrigaram à maior movimentação de terras realizada em Portugal por uma entidade privada.

A construção do Estádio do Dragão e do Centro de Treinos e Formação Desportiva Porto/Gaia marcaram o princípio do fim: os campos de treinos foram desactivados e toda a zona envolvente ao estádio sofreu grandes transformações. Em dois anos as Antas mudaram radicalmente: surgiu uma alameda e novas acessibilidades. Embora os dois recintos tenham coexistido durante algum tempo (até porque o mau estado da relva do Dragão retardou o «adeus» às Antas), a «casa nova» passou a ser o centro das atenções.
Houve lágrimas na despedida das Antas, mas poucos se lembrarão do dia em que o velho estádio começou a ser demolido. Hoje já nada resta, a não ser o esqueleto de uma das torres de iluminação, e essa zona prepara-se para receber um complexo habitacional que funcionará como complemento a um centro comercial que está já em fase avançada de construção. Do Estádio das Antas resta apenas a memória¿